Anais do Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica / Congresso Fluminense de Pós-Graduação
Anais do XIII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica / VI Congresso Fluminense de Pós-Graduação

A sazonalidade marcante e a caducifolia são algumas das principais características das florestas estacionais tropicais, apesar das espécies sempre verdes estarem representadas nestas florestas. Espécies sempre verdes e decíduas são extremos de um continuum de possibilidades de hábito foliar que exibem mecanismos distintos relacionados a ciclagem interna de nutrientes e à manutenção do status hídrico, sendo que as decíduas apresentam como forma de controle da transpiração a perda de suas folhas. Este trabalho teve como objetivo determinar como atributos de espécies sempre verdes e decíduas contribuem para o uso e conservação de água e nitrogênio em florestas estacionais tropicais. Avaliamos 21 espécies sempre verdes e 14 espécies decíduas em duas florestas tropicais estacionais com precipitação anual em torno de 1.100 mm: uma estacional semidecidual no RJ (FES) e uma sempre verde na BA (FESV). Os traços morfológicos foliares e da madeira, e as composições isotópicas e elementares foliares de nitrogênio e carbono (δ13C e δ15N, respectivamente) foram medidos seguindo protocolos padronizados, e depois analisados através de correlações e Anova one-way. As espécies sempre verdes apresentaram traços morfológicos foliares associados à conservação da água, tais como alta suculência e baixa área foliar específica, independentemente do tipo de floresta. Não foram encontradas diferenças na densidade de madeira entre as florestas, mas foram visualizadas variações significativas entre espécies decíduas e sempre-verdes ocorrendo no mesmo ambiente, com as espécies decíduas exibindo os valores mais altos para o atributo tanto na FESV quanto na FES. Não foram observadas diferenças na δ13C e δ15N entre as espécies decíduas e sempre verde na mesma floresta. Entretanto, a δ13C das espécies decíduas foi significativamente mais enriquecida em 13C (valor médio -30,03‰) na FESV do que FES (valor médio -31,13 ‰). A diferença mais marcante entre florestas foi para δ15N, sendo sempre positiva na FES (5,93 ‰) e negativa na FESV (-1,46 ‰). Os maiores valores de δ15N na FES sugere maior disponibilidade de nitrogênio e/ou ciclagem mais rápida deste elemento. Independente da floresta, as espécies sempre verdes exibiram características morfológicas mais associadas a conservação dos recursos hídricos. Nossos dados evidenciam a importância dos isótopos como ferramenta para compreensão da diversidade funcional em ambientes tropicais estacionais e sugerem que a restrição hídrica em ambientes tropicais condiciona características morfológicas mais conservativas do uso da água, particularmente em espécies sempre verdes.