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Relato de caso: diagnóstico e evolução de criptococose cutânea primária em paciente imunocompetente na atenção primária à saúde.

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A criptococose é uma infecção fúngica, predominantemente oportunista, causada por levedura encapsulada do gênero Cryptococcus. A levedura vive endossaprofiticamente em aves, principalmente pombos, podendo ser isolada de fezes desses animais. A doença, geralmente é contraída da inalação do agente, posteriormente, por disseminação hematogênica, pode tornar-se sistêmica, acometendo diversos órgãos e sistemas. As lesões cutâneas são observadas frequentemente após a disseminação do fungo, entretanto, de modo mais raro, pode haver inoculação traumática na pele, caracterizando a criptococose cutânea primária. O acometimento ocorre, principalmente, em indivíduos imunocomprometidos, sobretudo, portadores do vírus da imunodeficiência humana. A patologia cutânea apresenta manifestações clínicas polimorfas, podendo consistir de placas infiltradas, pápulas, vesículas herpetiformes, nódulos, edema, massas subcutâneas ou úlceras. O objetivo do presente relato de caso é apresentar a investigação, o diagnóstico e a conduta para com paciente imunocompetente acometida por criptococose cutânea primária, atendida em uma Unidade Básica de Saúde, no município de Sinop-MT. Para apoio e referencial teórico, foram utilizados os termos-chave “criptococose cutânea humana”; “criptococose cutânea primária”; “paciente imunocompetente” nos bancos de dados PUBMED, LILACS, BVS e BIREME. Sendo pesquisados dezoito artigos com, no máximo, dez anos de publicação, selecionaram-se doze para nortear o trabalho. O caso consiste de uma paciente, 63 anos, previamente hígida, viúva, moradora de zona rural e lavradora. Atendida pela primeira vez em nosso serviço no dia 04 do mês de Abril de 2017, a mesma se queixava de lesão em antebraço esquerdo acompanhada por prurido e algia moderada. A paciente referia que que tal lesão havia se iniciado em forma de placa eritematosa dez dias precedidos à primeira consulta. Ao ser questionada, a paciente afirma a cultura de galináceos e pombos no ambiente peridomiciliar. À inspeção, a lesão no momento da primeira consulta se apresentava na face lateral do terço proximal do antebraço esquerdo; medindo aproximadamente 8,0cm por 6,0cm por 2,0 cm; lesão supurativa com secreção serosanguinolenta; bordas elevadas e bem definidas com sinais de infecção secundária. Ainda na primeira consulta foi prescrito antibioticoterapia e anti-inflamatório via oral e colhido duas amostras biopsiadas e submetidas ao exame anatomopatológico. Na consulta subsequente, três dias após a primeira, o resultado do exame anatomopatológico evidencia o gênero Cryptococcus. Nesse momento, foi solicitada pela equipe hemograma, função hepática e renal e sorologia anti-HIV para que se iniciasse o tratamento. Na terceira consulta, realizada no dia 11 do mês de Abril de 2017, os exames solicitados não ressaltam qualquer desvio da normalidade. É instituído tratamento com Fluconazol 150 mg em 3 tomadas diárias por 6 meses e agendados retornos quinzenais, afim de se avaliar novamente a lesão, bem como o monitoramento renal e hepático. Ao retorno, a paciente exibe lesão não ulcerada, com ausência de infecção secundária e não apresentando demais queixas. Segue-se a rotina laboratorial e o tratamento instituído. Ressalta-se que no levantamento bibliográfico realizado pela equipe, não foi encontrado relato de caso envolvendo tal patologia com o Estado de Mato Grosso.