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Introdução: Nos últimos anos, a crescente luta da comunidade LGBTT vem trazendo à luz discussões de temas voltados sobre o direito à saúde da população trans. Dentre as conquistas alcançadas pela comunidade, uma das mais importantes é a Política Nacional de Saúde Integral de LGBTTs, cujas diretrizes buscam orientar o combate às desigualdades na esfera da saúde dessa população por meio de educação permanente de estudantes e profissionais da área. Apesar da demanda de atendimento específico e políticas de assistência, é possível observar falhas no atendimento à população trans devido as deficiências na formação de profissionais atuantes no sistema de saúde. A formação de médicos capacitados para atender a diversidade de gênero depende da inclusão do tema durante a vida acadêmica. Dessa forma, será possível proporcionar valores entre discentes e egressos voltados para o acolhimento apropriado, e sem preconceito, durante o atendimento das pessoas de diversas identidades de gênero.

Objetivo: Tornar público o número de Instituições de Ensino Superior na região centro-oeste, que abordam em suas grades curriculares a identidade de gênero nos cursos de medicina.

Metodologia: Foi feita uma pesquisa quantitativa analisando os conteúdos das grades curriculares das dezoito universidades que oferecem o curso de medicina na região centro-oeste, buscando encontrar a abordagem de temas referentes à sexualidade com enfoque em identidade de gênero voltada para os acadêmicos do curso.

Resultados: Das dezoito universidades analisadas, treze (72,2%) disponibilizaram suas ementas. Dentre elas, somente seis (46,2%) contêm em sua grade curricular a abordagem da sexualidade e, destas, apenas uma (16,7%) aborda a identidade de gênero. Isso significa que, das 13 universidades com as ementas disponíveis, apenas uma (7,6%) aborda esse tema na formação de seus alunos.

Conclusão: Após a análise dos resultados, torna-se evidente a carência da abordagem da identidade de gênero nos cursos de medicina da região centro-oeste, fato que contribui para a dificuldade na construção de cuidados e atendimento em saúde da população trans. A inclusão de disciplinas obrigatórias na grade curricular poderá vir a oferecer o melhor entendimento sobre o protocolo de atendimento à saúde da população trans. Além disso, proporcionar atividades como exposição dialogada, roda de conversa, estudo dirigido e dinâmicas em grupos sobre a identidade de gênero, enfatizando sua construção cultural, social e política, oferece uma maior proximidade dos futuros egressos com temas sobre cirurgia de transgenitalização, hormônioterapia e psicoterapia, voltados para melhores condições de vida para essa parcela da população.