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EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PROPAGANDA IDEOLÓGICA DA DIVERSIDADE NOS AMIGOS ESPECIAIS DA TURMA DA MONICA

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Neste trabalho analisamos os perfis dos personagens - seus discursos e atitudes - no contexto das historinhas da Turma da Mônica. Considerando o estatuto semiológico das personagens, a partir dos postulados de Philippe Hamon e Roland Barthes em seus ensaios de semiótica narrativa, percorremos a galeria dos ‘amigos especiais’, concebida por Maurício de Sousa, com o objetivo de distinguir determinados caracteres e traços constitutivos, para conferir se fazem parte (ou não) de um discurso politicamente engajado num projeto de afirmação e esclarecimento das diferenças. Elegemos como elemento contrastivo para essa análise o personagem Humberto, criado no contexto dos anos 70/80, o único que não teve suas características elucidadas (surdez) como eixo problematizador das narrativas. Pelo contrário, seus registros discursivos, representados pela onomatopeia ‘hum’, poderiam ser encarados como uma mera restrição de fala, assim como a de Cebolinha. Portanto, a atuação de Humberto nas histórias, naquele contexto, não consistia como forma de catalisar reflexões acerca da inclusão social. Essa ocorrência só se concretizou a partir do momento em que foi inserido na galeria dos demais ‘amigos especiais’ da Turma da Mônica como Dorinha (deficiente visual), Luca (cadeirante), Tati (síndrome de Down) e André (autista). Estes sim passaram a centralizar o enredo das narrativas para instituir determinados clichês demagógicos sobre a diversidade e a educação inclusiva.