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Reflexões sobre o humano, o inumano e o ser mulher a partir da obra Desesterro (2015) de Sheyla Smanioto

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Partindo das considerações apresentadas por Val Plumwood em seu livro "Feminism and the Mastery of Nature" (1993), as quais estabelecem como características essencialmente humanas aquilo que por tradição é associado somente à figura masculina (racionalidade, mente e cultura), o presente trabalho busca ampliar as discussões sobre a representação feminina em obras literárias aproximando tais debates dos que se preocupam com a representatividade dos animais não-humanos na literatura. Com o intuito de investigar a hipótese de que animais e mulheres são apresentados e descritos segundo uma mesma lógica de opressão nos textos literários, e que, por consequência, às mulheres não é dada a chance de se pensarem enquanto humanas, estabelecemos como corpus de análise o romance Desesterro (2015), da escritora paulista Sheyla Smanioto, em que tais relações manifestam-se de maneira exemplar em meio à história de diferentes mulheres, a qual se confunde com a história dos cachorros que perpassa toda a obra. A possibilidade de construção desta análise se dá pela aproximação entre ecocrítica, ecofeminismo e análise literária, contando com os trabalhos de Maria Esther Maciel (2016), Greg Garrard (2011), Donna Haraway (2003) e Evely Vânia Libanore (2013).