ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS NÃO CONCLUINTES DOS CURSOS DA REDE UNA-SUS: CAMINHOS PARA A FORMAÇÃO LATO SENSU EM SAÚDE DA FAMÍLIA

Vol 4, 2021 - 137136
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Resumo

Resumo

A atuação na Atenção Primária em Saúde (APS) necessita ser qualificada e a formação lato sensu em saúde da família promove transformações no processo de trabalho. Para fortalecer este processo formativo, o presente estudo analisou a percepção de 236 alunos não concluintes dos cursos de especialização no âmbito da saúde da família ofertado pela Rede UNA-SUS, inseridos em programas de provimento, entre os anos de 2013 a 2017. Foram conduzidos Entrevistas Telefônicas Assistidas por Computador em 2019. Aplicou-se um instrumento com cinco dimensões em escala likert. Houve análise descritiva e o teste qui-quadrado. Dos entrevistados, 54,67% abandonaram e 45,33% reprovaram na especialização. A maioria eram enfermeiros e ainda atuantes na APS. Observou-se que 44,67% estudaram por no mínimo seis meses, e mencionaram pouco apoio do programa de provimento o qual estavam inseridos (87,01%). A maioria afirmou que o curso contribuiu para planejar visitas domiciliares de acordo com avaliações de risco e vulnerabilidade (94,2%). Houve satisfação do curso pelos reprovados (52,5%) e abandonos (55,7%), sem diferenças estatísticas (p

Introdução

A qualificação da força de trabalho em saúde é essencial, especialmente na Estratégia Saúde da Família (ESF), dada a reorganização do modelo assistencial, com vistas ao fortalecimento e garantia dos atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde - atenção no primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado, e atributos derivados - orientação familiar e comunitária, competência cultural1. Visando ampliar e potencializar as ações de educação permanente em saúde e, buscando a qualificação dos trabalhadores para o Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde cria, em 2010, o Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), para atender as necessidades de formação e de educação permanente no âmbito do SUS, por meio de uma rede colaborativa de instituições acadêmicas, serviços de saúde e gestão2. Uma das primeiras iniciativas da UNA-SUS foi à criação de cursos Lato Sensu em Saúde da Família, com intuito de ofertar uma formação em larga escala e o desenvolver competências para atuação na APS, assim como para promover impactos positivos no processo de trabalho em saúde neste nível de atenção.

Objetivos

Analisar a percepção dos alunos não concluintes dos cursos de especialização no âmbito da saúde da família ofertado pela Rede UNA-SUS.

Metodologia

Estudo transversal, quanti-qualitativo. Foi utilizado o banco da Rede-UNASUS, com dados de 57.942 matriculados nos Cursos de Especialização no âmbito da Saúde da Família, entre 2013 a 2017. Os alunos eram inseridos em programas de provimento, graduados em Medicina, Enfermagem e em Odontologia. Para o cálculo amostral foi obtido o número de 333 alunos não concluintes. Foram realizadas Entrevistas Telefônicas Assistidas por Computador (ETAC) entre 2019 a 2020. A ETAC foi conduzida por um instrumento com 5 dimensões, a saber: informações de cadastro e socioeconômicas, questões sobre o efeito do curso na prática profissional, informação de atuação profissional e questões para os não concluintes. Foram atribuídos valores para as respostas que estavam em escala likert. Os alunos foram dicotomizados em satisfeitos (escore ≥41) e insatisfeitos (escore

Conclusões / Considerações finais

Os alunos não concluintes dos cursos de especialização no âmbito da saúde da família ofertados pela Rede-UNASUS, permanecem no mínimo metade da formação, e levam consigo práticas que contribuem para equidade dos serviços prestados na APS. Mesmo sendo uma formação de modalidade à distância, a qual demanda suporte tecnológico e interação aluno/tutor, os maiores desafios identificados para a conclusão da formação foram pautados nas características pessoais. Além disso, os programas de provimento foram citados pela falta de apoio durante o curso. Levanta-se a possibilidade de haver entraves entre os programas diante da falta de governabilidade nos campos de trabalho e estudo dos alunos. A perda de prazos e falta de tempo, podem ser exemplos da cisão de uma agenda protegida para os estudos. Portanto, caminhos que levem ao diálogo entre os programas, instituições de ensino superior, e gestão devem ser repensados para a qualificação dos profissionais de saúde da APS.

Referências

1 – Oliveira MAC; Pereira IC. Atributos essenciais da Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 66, n. spe, p. 158-164, set. 2013. 2- BRASIL. Decreto n° 7.385, de 8 de dezembro de 2010. Institui o Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde – UNA-SUS e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 dez. 2010. 3- Oliveira PR, Oesterreich SA, Almeida VL. Evasão na pós-graduação a distância: evidências de um estudo no interior do Brasil. Educ. Pesqui. 2018; 44, e165786. 4 - Rodrigues LS, Gontijo TL, Cavalcante RB, Oliveira PP, Duarte SJH. A evasão em um curso de especialização em Gestão em Saúde na modalidade a distância. Interface (Botucatu). 2018; 22(66): 889-901.

Eixo Temático
  • 7. Política, Planejamento e Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde