Valorizando a associação entre Talidomida/Corticoide, como etiologia de trombose venosa profunda
-Introdução: A utilização da Talidomida em associação com corticoides sistêmicos no tratamento de pacientes hansênicos com quadros reacionais do tipo II, é amplamente difundida na prática clínica. Porém é necessário discutir sua aplicabilidade, baseado em evidências clínicas. -Objetivo: Corroborar para provável relação causal entre o uso de Talidomida/Corticoide e casos de Trombose Venosa Profunda(TVP). -Relato do Caso: Paciente masculino, 51 anos, previamente hígido e sem fatores de risco para TVP, com Hanseníase Virchowiana-Virchowiana, em tratamento com esquema PQT-MB(24 doses), compareceu à USF com lesões cutâneas nodulares, eritematosas, dolorosas à palpação e associadas a mal estar geral; compatível com Eritema Nodoso Hansênico. Por acompanhar simultaneamente com a referência em Hanseníase municipal, e já estar em desmame de prednisona 60mg/dia(por neurite), optamos por associar Talidomida 100mg/dia. Após 15 dias, evoluiu com edema moderado de membro inferior esquerdo até a altura do joelho; quase indolor, com rubor e calor local(Sinais de Neuhof/Bandeira positivos). Ao doppler venoso, confirmou-se TVP. Permaneceu então internado até anticoagulação plena, com alta em uso de Varfarina 5mg/dia. -Discussão: Apesar da suspeita de TVP e levando em conta que 30 a 50% destas, não fecham neste diagnóstico, é importante avaliar diagnósticos diferenciais. A talidomida, dentre os quimioterápicos por exemplo, é a mais associada a complicações tromboembólicas, elevando em muito a estatística quando associada a corticoides. Há também crescentes descrições de TVP quando a droga é iniciada já em uso do corticoide, como em tratamentos de Mieloma Múltiplo. -Conclusão: Apesar do mecanismo de atuação desta associação não estar bem definido na literatura, sendo prematuro implicar a ela a complicação por TVP, devemos valorizar estes achados e estimular o olhar atento dos profissionais na prática clínica, em especial nas ESF‘s; tendo em vista que no Brasil a TVP apresenta elevada incidência e determina importante morbi-mortalidade quando negligenciada.