ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

A tuberculose (TB), doença negligenciada relacionada à pobreza, é mundialmente relevante para saúde pública e sua alta prevalência é, em parte, reflexo de investimentos escassos em controle e prevenção. Esse estudo é observacional descritivo dos casos confirmados de TB na Macrorregião de Saúde do Vale do São Francisco e Araripe/PE. Os dados secundários foram obtidos do sistema TABNET/DATASUS, segundo Macrorregião de Saúde de Residência, no período de 2001 a 2017. Os resultados mostraram que Pernambuco apresentou 89.007 casos confirmados de TB no período. Desses, 4,87% (n=4.340) foram diagnosticados na Macrorregião de estudo, onde a infecção atingiu principalmente os homens (62,5%). Todas as faixas etárias foram atingidas, sendo mais prevalente em adultos jovens: 25-34 anos (56,6%). As cidades com maior número de casos foram Petrolina (36,2%) e Salgueiro (10,27%). Quanto à co-infecção HIV/TB, 29,6% (n=1.285) dos casos foram negativos, 4,28% (n=186) positivos e a maioria (66,1%; n=2.869) não dispõe do diagnóstico para análise. No período, houve pequenas oscilações nos casos de TB, tanto na Macrorregião quanto no Estado, com incidência média, até 2016, respectivamente, de 26,85 e 55,32/100.000 habitantes; na Macrorregião, a cura foi observada em 67% dos pacientes e foi registrado 1,93% de óbitos no período. Devido à subnotificação dos óbitos ou falta de diagnóstico da causa mortis, esta informação pode subestimar a morbimortalidade da TB. Vale destacar que diversos autores reportam a dificuldade em fazer pesquisa com dados secundários em países subdesenvolvidos, como o Brasil, com informações que muitas vezes subdimensionam a realidade local. Os resultados indicam necessidade de discussão acerca das estratégias de ação voltadas para o controle e prevenção da TB na Macrorregião. Devem ser revistas as práticas diagnósticas e terapêuticas pelos profissionais envolvidos com o cuidado. Além disso, ainda é necessário um estímulo à correta e completa notificação de agravos compulsórios, realizado por esses mesmos profissionais.