ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

Introdução: Este trabalho visa valorizar a abordagem na atenção à saúde da população em situação de rua através de relato de caso. Foi utilizada como metodologia a revisão de registros em prontuário. Relato: R.R., 50 anos, masculino, branco, vivendo em situação de rua, abordou Agente Comunitária em Saúde (ACS) solicitando atendimento na Unidade próxima ao local onde permanecia. Na consulta, queixou-se apenas de embaçamento visual. Era etilista desde os 6 anos de idade (com várias internações por este motivo), pai de 5 filhos, ex jogador de futebol, sem vínculo familiar desde que começou a apresentar problemas com uso de álcool. Manifestava o desejo de não ser internado e relatava estar reduzindo o uso da substância. Ao exame apresentava fígado palpável a 4 cm do rebordo costal, com consistência endurecida. Foram solicitados exames complementares, que evidenciaram esteatose hepática grau I e leve aumento de aminotransferases. Foi realizado contato com Consultório na Rua e Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), para acompanhamento conjunto. Recebeu atenção de equipe multidisciplinar e participou de oficinas diversas. Evoluiu com redução da ingesta alcoólica e retomou o contato com familiares com quem foi morar 5 meses após o primeiro contato com a ACS. Conclusão: Os Consultórios na Rua são formados por equipes multiprofissionais e têm o objetivo de possibilitar acesso e prestar atenção integral à saúde das pessoas vivendo em situação de rua, trabalhando de maneira compartilhada e integrada com UBSF e CAPS. Devem ser norteadores do cuidado a essa população: inclusão social, promoção de direitos humanos, enfrentamento do estigma, ações de redução de danos e intersetorialidade. Abordar esse grupo populacional negligenciado é um desafio devido a vulnerabilidade e a complexidade do meio em que estão inseridos. Para isso, faz-se necessária uma complexa rede assistencial que garanta acesso e cuidado integral e longitudinal.