ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

A partir da reflexão epistemológica sobre a relevância do conceito de práticas concretas entre a prática clínica e comunitária, médicos de família e comunidade (MFCs) estão envolvidos e desafiados a serem sujeitos ativos na transformação de uma realidade que provoca dor e loucura. A partir de experiências concretas, vem surgindo alternativas baseadas na comunidade, pouco conhecidas, que convidam à reflexão principalmente na conjuntura política atual brasileira que se direciona na contramão da Reforma Psiquiátrica. Este trabalho surge a partir de uma construção coletiva interdisciplinar e internacional, entre Brasil e Uruguai, com o objetivo de promover linhas de reflexão em torno da saúde mental, da produção sócio-comunitária e do papel das equipes de saúde na APS em relação às experiências no campo da comunicação, cinema e música já existentes nos territórios. Em 2018 houve uma Jornada de la Salud Mental en la APS, promovida pelo Dpto. de Medicina Familiar y Comunitaria (Universidad de la República), onde o grupo musical brasileiro, formado por usuários e profissionais de saúde mental e de APS, Harmonia Enlouquece, foi convidado a interagir com outros coletivos uruguaios de saúde mental, o cineclube Cine Foro Comunitário e a rádio comunitária Vilardevoz, produzida pelos próprios pacientes do hospital psiquiátrico de Montevidéu, Vilardebó. A partir desta experiência, iniciou-se a articulação para se montar um GT de Saúde Mental na Confederación Iberoamericana de Medicina Familiar, no intuito de se ampliar o intercâmbio de práticas semelhantes na América Latina. Diante da elevada frequência de problemas de saúde mental na APS, MFCs precisam buscar recursos para além do consultório e produzir o cuidado criativamente com os usuários de saúde mental tendo-se em vista a produção de sentidos para além da clínica.