ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

Segundo a International Association for the Study of Pain, dor é sensação ou experiência desagradável, associada com dano real ou potencial, classificada como aguda ou crônica. Na fisiopatologia, é entendida como nociceptiva, neuropática ou mista. A dor crônica, está associada com transtornos de humor, sobretudo depressivos e ansiosos. Esse trabalho relata experiência de caso diagnóstico tardio de Hanseníase em paciente com sintomas de dor neuropática e Transtono Depressivo Maior. Trata-se de paciente feminina, 41 anos, do lar, residente de Sinop/MT e atendida na UBS Jacarandás. Na primeira consulta, exame clínico identifica dor ao longo dos nervos mediano, ulnar e radial, fibular comum e sural, em queimação, manifestando-se nos últimos dois anos. Apurados critérios diagnósticos de depressão como, retraimento, labilidade emocional, autodestruição, humor deprimido, distúrbios do sono, com prejuízo da funcionalidade. Na história patológica, refere diagnóstico de fibromialgia e refratariedade terapêutica com ciclobenzaprina e tramadol há cerca de quinze meses. Iniciou-se investigação diferencial. Sobre hábitos de vida, residiu sempre em Sinop/MT e trabalhou dez anos em uma madeireira local. No ambiente havia compartihamento de utensílios e um galpão onde trabalhadores utilizavam-no como morada. Levanta-se Hanseníase como hipótese. Ministério da Saúde aponta cluters com alto risco de transmisão, inclusas região norte de Mato Grosso, Maranhão, Pará e Rondônia. Na ocupação do espaço de Sinop/MT foi comum aglomeração de pessoas do Norte e Nordeste na indústria madeireira, sem condições de trabalho e segurança. A paciente foi diagnosticada e conduzida para Hanseníase e consultas regulares para o manejo da saúde mental. Ressalta-se a longitudinalidade da APS e multiprofissionalidade nas visitas à UBS. O caso se encontra em acompanhamento mensal e poliquimioterapia hansênica em oitava dose. Observou-se melhora sintomas de humor e dor crônica. Tem-se um caso de grande prevalência regional porém, com subdiagnósticos e retardo terapêutico, fatores influenciadores na prevenção das incapacidades e funcionalidade