ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

Introdução Existe um circuito do mercado do sexo da cidade de São Paulo no entorno do campus capital da Universidade de São Paulo (USP). Nas ruas do bairro City-Butantã, área de adscrição do Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa (CSEB), entre residências de alto padrão, trabalham travestis, mulheres transexuais e mulheres cisgênero. Apesar de não moradoras, essas mulheres são parte da paisagem do território e participam de modo importante da sua dinâmica; tem alta vulnerabilidade, encontram diferentes barreiras ao uso dos serviços de saúde, além de demandas específicas relacionadas à identidade de gênero de parte delas. Relato Em 2016 o CSEB passa por mudanças no processo de trabalho que potencializa aproximação do território (não é unidade com Estratégia de Saúde da Família), e a partir disso passa a se entender como possível local de cuidado para essas trabalhadoras. Ao longo de quase 2 anos nos articulamos com outros serviços e pessoas envolvidas com essa população: Serviço de Atenção Especializada DST/AIDS do Butantã, Ponto de Economia Solidária do Butantã, grupo de pesquisa do Depto de Antropologia da USP. Realizamos visitas de campo, sensibilizações e discussões internas, com os trabalhadores do serviço. Os médicos de família e comunidade envolvidos no processo passaram por capacitação sobre hormonização, e a construção final dos fluxos e pactuação da proposta foi realizada em reunião geral da unidade. A partir de agosto de 2018, então, começamos a entregar declaração com a qual as mulheres podem abrir matrícula na unidade de saúde para seguimento, com acesso facilitado e um período de agenda priorizada para elas. Conclusão Ainda há pouca procura ao serviço, apesar do interesse declarado no momento das visitas a campo. Terminadas as pactuações internas planejamos retomar as visitas de campo e conversas que possam aumentar vínculo e facilitar o acesso dessas mulheres ao serviço.