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O quitrídio nos ranários do estado de São Paulo e as implicações para conservação da anurofauna nativa

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A quitridiomicose e a introdução de espécies exóticas estão relacionadas ao declínio dos anfíbios. No Brasil, a rã-touro, Lithobates catesbeianus, introduzida para a prática da ranicultura, é tolerante ao quitrídio (Bd), sendo um possível reservatório do fungo e vetor da doença. No Brasil, é comum a fuga das rãs-touro e a liberação de água dos ranários feita sem tratamento, contribuindo para disseminação e manutenção da doença em ambiente natural. Assim, caracterizamos ranários do estado de São Paulo, quanto à presença, prevalência e carga de infecção de Bd nas rãs-touro, na água que abastece os ranários, e na que é liberada para o ambiente. Adicionalmente, analisamos águas de lagoas naturais quanto à presença e quantidade de Bd. Ao todo foram avaliados 10 ranários, sendo amostrados 100 girinos, 35 juvenis e 35 adultos. O método utilizado foi inspeção visual para os girinos e swabbing para pós-metamórficos. As amostras dos swabs foram analisadas por qPCR. Quanto as amostras de água, foram amostrados 6 ranários e 25 lagoas naturais. As amostras foram filtradas e submetidas à extração de DNA e qPCR. Observamos indivíduos infectados com Bd nos três estágios de desenvolvimento e em todos os ranários amostrados, com altas prevalências e cargas de infecção. Verificamos que em alguns ranários a água que o abastece já está contaminada pelo fungo. Porém, a água que é liberada no ambiente sempre carrega uma carga mais elevada de Bd. Os resultados de água de lagoas naturais mostram que o fungo está presente na maioria das lagoas amostradas, porém em concentração menor do que a carga liberada pelos ranários. Assim, a prática da ranicultura pode intensificar as taxas de infecção de anfíbios nativos em ambiente natural. Com base nestes resultados preliminares salientamos a necessidade de implantação de medidas de controle e mitigação focada na conservação dos anfíbios nativos.