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Diversidade, constância e ocorrência de répteis em região serrana do Pampa, Rio Grande do Sul

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O cultivo agrícola tem avançado sobre as áreas campestres, principalmente no sul do Brasil. Essa transformação da paisagem é menos intensa em regiões serranas, fazendo com que os campos remanescentes em áreas com menor potencial agrícola apresentem alto valor para estudos e conservação da biodiversidade. O presente estudo teve como objetivo determinar a riqueza, constância de ocorrência e abundância de répteis em uma área de campo nativo do bioma Pampa, no município de Santa Margarida do Sul (sudoeste do Rio Grande do Sul). No período de novembro de 2016 a abril 2017, foram realizadas amostragens mensais diurnas e noturnas, utilizando busca ativa, procura visual limitada por tempo e encontros ocasionais. Foi registrada a ocorrência de 10 espécies, distribuídas em seis famílias: Dipsadidae (4), Emydidae (1), Gymnophthalmidae (1), Leptotyphlopidae (1), Teiidae (2) e Viperidae (1). A curva do coletor aleatorizada apresentou formato ascendente, evidenciando que é esperado incremento no número de espécies com a continuidade das amostragens. As espécies mais abundantes e constantes na área de estudo foram os lagartos Teius oculatus e Cercosaura schreibersii, sendo o primeiro restrito aos campos sulinos, e ambos comumente associados a áreas abertas; 60% das espécies encontradas são endêmicas de áreas campestres e 40% apresentam também sua ocorrência em outras fitofisionomia. As espécies encontradas no presente estudo compreendem aproximadamente 9% dos répteis registrados no Rio Grande do Sul, e nenhuma delas é considerada ameaçada de extinção. Apesar da baixa riqueza registrada preliminarmente, destaca-se a alta proporção de espécies dependentes da fitofisionomia campestre. Com a continuidade do esforço de coleta, os resultados obtidos poderão servir de base para futuras comparações com áreas já convertidas em cultivo agrícola.