Dimorfismo sexual associado aos músculos peitoralis abdominalis e obliquus externo em anfíbios anuros
O dimorfismo sexual secundário em anfíbios anuros é comumente associado à diferenças no tamanho corporal, presença de saco vocal, glândulas, excrecências nupciais nos dedos e no peito e a largura do braço e do antebraço. Os machos em geral apresentam essas características, que são associadas a defesa de território e corte. A vocalização é uma atividade de sinalização essencialmente dos machos e envolve, além de um ciclo respiratório específico, com enchimento dos pulmões e do saco vocal, o uso de músculos que propiciam a circulação do ar entre os pulmões e o saco vocal. Neste estudo, procuramos averiguar se os músculos associados a respiração e canto são sexualmente dimórficos. Para tal, dissecamos machos e fêmeas de diferentes espécies de anfíbios anuros e comparamos através apenas de exame visual a espessura dos músculos m. pectoralisabdominalis e m. obliquusexternus de machos e fêmeas de representantes das famílias Bufonidae (1sp), Craugastorinae (1sp), Cycloramphidae (1sp),Leptodactylidae (2spp), Hylidae (2spp), Hylodidae (1sp). Essas espécies foram escolhidas após observação de filmes contendo o comportamento de exemplares desta espécies vocalizando; assim foi possível visualizar a movimentação dessas áreas do corpo durante os movimentos de circulação de ar enquanto o espécime vocaliza. O resultado da comparação mostrou que existe dimorfismo muscular (camadas musculares mais expessas) para Rhinella ordonata, Haddadus binotatus, Thoropa miliaris, Physalaemos soaresis, Phisalaemos signifer, Hypsiboas albomarginatuse Hypsiboas faber, sendo a musculatura nos machos mais espessa que nas fêmeas para ambos os músculos. Inversamente, em Hylodes asper ambos os músculos são mais espessos nas fêmeas. Aparentemente, a mecânica da emissão do canto parece estar associada a esse dimorfismo.