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DIETA DE Hemidactylus mabouia EM AMBIENTES INSULARES NO SUDESTE DO BRASIL

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A composição da dieta fornece informações sobre a estratégia de forrageamento e as interações ecológicas de uma espécie. Espécies generalistas tendem a ter mais sucesso no estabelecimento e colonização de novos ambientes, podendo competir com espécies nativas. Hemidactylus mabouia, nativa da África, é uma espécie invasora no Brasil, onde é encontrada principalmente em ambientes antrópicos, embora tenha sido introduzida também em ambientes insulares. O objetivo deste trabalho foi avaliar a dieta de H. mabouia em ambientes insulares e comparar se os itens consumidos variam entre machos e fêmeas e entre populações. Os espécimes analisados foram capturados na Ilha da Trindade (ITR, n = machos: 26; fêmeas: 12) e no Arquipélago das Três Ilhas (ATI, n = machos: 11; fêmeas 19), ambos no estado do Espírito Santo, pelo método de busca ativa, sem limite de tempo, em janeiro-fevereiro/2012 (ITR) e março-abril/2013 (ATI). Os animais foram eutanasiados e tiveram o estômago retirado e conservado em álcool 70%. Os itens alimentares foram classificados ao menor nível taxonômico possível. Foi utilizada análise de similaridade (ANOSIM) para comparar os itens consumidos entre machos e fêmeas em cada localidade e entre populações. Não houve diferença na dieta de machos e fêmeas na ITR (ANOSIM: Global R = 0,094, p = 0,217) e no ATI (ANOSIM: Global R = 0,025, p = 0,400). Houve diferença na composição da dieta entre populações (ANOSIM: Global R = 0,18, p = 0,012). Na ITR, Hymenoptera foi o principal item consumido (43%), seguido de Diptera (22%) e Araneae (17%). No ATI, Lepidoptera foi o táxon mais consumido (75%), seguido de Hymenoptera (11%) e Homoptera (6%). Os resultados corroboram outros trabalhos ao indicar que H. mabouia possui hábito oportunista e generalista, apresentando baixa seletividade, o que sugere o consumo de itens de acordo com sua disponibilidade, conforme observado em outras localidades.