Características populacionais de Phrynops geoffroanus e Mesoclemmys tuberculata em áreas de Caatinga e Mata Atlântica no Nordeste do Brasil
Em geral quelônios que ocupam amplas áreas com variações ambientais, podem apresentar variação na sua autoecologia, como morfológia, dimorfismo sexual, estrutura populacional e reprodução. Baseado nisso, este estudo objetivou caracterizar as populações de Phrynops geoffroanus e Mesoclemmys tuberculata em áreas de Caatinga e Mata Atlântica em Sergipe, Nordeste do Brasil, a fim de avaliar se fatores intraespecíficos são mais determinantes que diferenças dos ambientes na determinação da morfologia e reprodução. As amostras foram coletadas em campanhas semestrais (seca e chuva) ao longo do ano de 2014. Foram tomadas medidas morfométricas e a massa dos animais e o padrão reprodutivo foi correlacionado com a estação do ano e a condição reprodutiva dos adultos. Nós não verificamos diferenças significativas no tamanho, CMC (comprimento da carapaça) e massa das duas populações das espécies estudadas. Registramos machos reprodutivos das duas espécies durante todo o período do estudo e o volume testicular foi positivamente correlacionado com o CMC, enquanto que ovos e ovócitos foram registrados exclusivamente em fêmeas coletadas durante o período chuvoso. Ainda, encontramos simultaneamente ovos e folículos vitelogênicos, um indicativo de múltiplas desovas por temporada reprodutiva. Em P. geoffroanus (n= 99), não encontramos relação significativa entre o tamanho da ninhada e o CMC das fêmeas, no entanto, o volume das desovas foi positivamente correlacionado. Em M. tuberculata (n= 55), não encontramos relação significativa entre nenhum parâmetro. Enfim, de modo geral os parâmetros autoecológicos avaliados não foram diferentes entre os biomas em P. geoffroanus e M. tuberculata, apresentando padrões semelhantes tanto na Caatinga, quanto da Mata Atlântica. Possivelmente essa ausência de variação pode ser de caráter conservativo para as espécies. Uma vez que a influência ambiental (fatores ecológicos) afetam muitas populações de outros grupos taxonômicos de formas diferenciadas, no entanto as espécies estudadas não parecem ser afetadas por esses fatores.