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A associação de sinais acústicos e nicho ecológico para entender padrões geográficos das espécies do grupo Hypsiboas albopunctatus

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A distribuição das espécies pode ser afetada por um conjunto de condições, que incluem aspectos históricos, ecológicos e comportamentais. Para anuros, os sinais acústicos têm um papel importante nos processos de diversificação do grupo. O objetivo desse trabalho é testar filogeneticamente a influência de variáveis abióticas (nicho climático - NC) e a distribuição geográfica na diversificação do canto de anúncio das espécies do grupo Hypsiboas albopunctatus (Hylidae). Geramos uma árvore de espécie datada, com 12 das 14 espécies do grupo, usando cinco genes (três mitocondriais e dois nucleares). Construímos modelos de nicho climático para as espécies: H. albopuncatatus, H. alfaroi, H. almendarizae, H. calcaratus, H. dentei, H. fasciatus, H. heilprini, H. lanciformis, H. leucocheilus, H. maculateralis, H. multifasciatus, H. paranaiba, H. raniceps e H. tetete. Analisamos 2088 cantos de anúncio de 212 indivíduos provenientes de 84 localidades. Calculamos a sobreposição do nicho climático usando o índice D de Schoener. Testamos o sinal filogenético do NC, considerando a sobreposição do nicho das espécies em função do tempo de divergência, e do canto de anúncio utilizando o método de k-mult. Testamos se há covariação entre as características bioclimáticas ocupadas pelas espécies e variação acústica. As espécies tenderam a apresentar baixa sobreposição de nicho (90% dos valores menores que 0.4) e tiveram cantos de anúncio diferentes (F = 38.89; P < 0.001). Não houve correlação entre tempo de divergência e sobreposição no NC (P < 0.66), mas os cantos de anúncio tiveram forte sinal filogenético (Kmult = 1.26; Prand < 0.001). As variáveis acusticas não covariaram com o NC (r-PPL S= 0.56, Prand = 0.68). Estes resultados ajudam a compreender parte do complexo processo envolvido na evolução de características fenotípicas, que provavelmente estão sob forte seleção natural e sexual, e como podem ser usadas para testar hipóteses sobre a distribuição geográfica das espécies.