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Registro de nova subpopulação de Mesoclemmys hogei (Mertens 1967) (Testudines: Pleurodira: Chelidae)

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O quelônio de água doce Mesoclemmys hogei ocorre nas bacias do Rio Paraíba do Sul (MG e RJ) e com registros que carecem de confirmação no estado de São Paulo. No Espírito Santo, ocorre na bacia do Rio Itapemirim, todos em altitudes até 500m. Trata-se de uma espécie Criticamente Ameaçada de Extinção, em níveis nacional e global, e considerada uma das 25 espécies de tartarugas mais ameaçadas do mundo. O Rio Negro, tributário do Rio Grande na Bacia do Paraíba do Sul, possui suas margens antropizadas com predomínio de pastagens para gado bovino. A vegetação ciliar, quando presente, apresenta-se fragmentada e reduzida, medindo cerca de 5m da margem, sendo que em vários trechos é composta por espécies vegetais exóticas. Utilizando-se de armadilhas tipo covo iscadas com uma mistura de abacaxi, sardinha enlatada, ração felina, fígado e carne moída bovinos capturamos, com um esforço total de 175 armadilhas/dia, 19 indivíduos distribuídos em diferentes classes de tamanho: oito machos, nove fêmeas e dois filhotes. Tanto o maior macho (comprimento retilíneo máximo da carapaça-CRMC=312mm/massa=2700g), quanto a maior fêmea (CRMC=310mm/massa=2750g) foram capturados na armadilha, já o menor indivíduo (CRMC=56.41mm/massa=18g), um filhote ainda com cicatriz umbilical, foi capturado por busca ativa a 98m da calha e 11m de elevação em relação ao nível do rio. Trata-se do primeiro registro de M. hogei para a sub-bacia do Rio Negro, local que parece abrigar uma subpopulação relativamente grande, já que foi capturado um número considerável de indivíduos distribuídos em todas as classes de tamanho, o que ressalta a importância da área para a conservação da espécie. Os dados aqui apresentados de um filhote ainda com cicatriz umbilical são importantes para futuros trabalhos de ecologia. A metodologia de captura adotada e a composição da isca mostraram-se eficientes para captura dessa espécie.