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A morte acidental de quelônios normalmente está associada as atividades pesqueiras e a maioria dos estudos que reportam a captura acidental de organismos não alvo são em ambiente marinho. Apesar disso, tem aumentado o número de registros de quelônios de água doce e de ambiente estuarino capturados em armadilhas ou em anzóis utilizados para pesca. Por sua vez, a ingestão de anzol tem se mostrado cada vez mais frequente dentre os cágados, causando efeitos deletérios as populações. O objetivo desse estudo foi relatar a morte acidental de um cágado nativo devido a pesca recreativa em Área de Proteção Permanente (APP). Como parte de um estudo populacional de quelônios, amostramos através de busca ativa um lago inserido em um Parque Municipal em Maringá/PR, no dia 03 novembro de 2016. Ao longo da amostragem encontramos uma fêmea de Phrynops geoffroanus (Chelidae, Testudines) morta as margens do lago. Analisamos o cágado em laboratório para determinar a causa da morte e nós encontramos um anzol que havia perfurado a traqueia do animal. O Parque amostrado é uma APP, contudo a pesca recreativa é autorizada aos fins de semanas e feriados. Apesar de P. geoffroanus não ser uma espécie ameaçada de extinção e apresentar uma ampla distribuição geográfica, a pesca acidental de cágados pode diminuir suas populações e consequentemente causar uma extinção local da espécie. Esses animais são protegidos por lei (Proteção a fauna N° 5.197, Art 1, 03 de janeiro de 1967), e matar a fauna local sem devida permissão é considerado um crime contra a fauna (Nº 9.605, Cap. V, Art 29, 12 de fevereiro de 1998). Dessa forma, é essencial a fiscalização da pesca na área, bem como a instalação de placas e o desenvolvimento de programas de educação ambiental alertando a população local sobre os riscos da pesca recreativa a fauna.