58821

Caracterização química das secreções de glândulas femorais de Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) (Squamata, Teiidae)

Favoritar este trabalho

A comunicação química é um importante componente das relações sociais de répteis. Feromônios são utilizados na comunicação intraespecífica, apresentam diferentes funções e são compostos por lipídios e proteínas. A comunicação via feromônios parece ter grande influência nos padrões de especiação em algumas linhagens de lagartos e pouquíssimo é conhecido sobre a composição química dos feromônios de espécies brasileiras. Os Teiidae são um excelente modelo para este tipo de estudo, pois representam elementos conspícuos da fauna onde ocorrem, apresentam várias linhagens híbridas e relações taxonômicas ainda bastante confusas. Ameiva ameiva é um teiídeo de tamanho médio, com distribuição ampla e fêmeas e machos apresentam 15-24 poros femorais em cada membro. Face à ausência de informações químicas para espécies brasileiras, a importância ecológica e confusão taxonômica envolvendo as espécies da família Teiidae, este trabalho tem o objetivo de caracterizar os compostos químicos presentes nas secreções de A. ameiva que podem agir como feromônios. Foi utilizada a secreção das glândulas femorais de 7 indivíduos de A. ameiva coletados na região do Rio Içá, Amazonas, e no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí. O material foi estudado a partir de duas metodologias distintas visando: (1) caracterização proteica via eletroforese em gel de poliacrilamida, coloração em Coomassie Blue e espectrometria de massas e (2) caracterização dos compostos lipídicos via cromatografia gasosa e espectrometria de massas. A espécie apresenta padrão complexo de proteínas, com 9 bandas que variam entre aproximadamente 6 e 40 KDa, não parece apresentar variação ontogenética em sua composição e é mais complexo e bastante distinto do observado em Aspidoscelis tigris. Foram detectados mais de 30 compostos lipofílicos nas secreções, incluindo ácidos graxos e esteroides, sendo os mais abundantes as formas ésteres dos ácidos hexadecanóico, octadecanóico e octadecadienóico. Tais ácidos têm sido constantemente detectados nas espécies estudadas e apresentam conhecida função odorífera.