BALANÇA A CABEÇA E TE DIREI QUEM ÉS: COMUNICAÇÃO VISUAL DOS LAGARTOS Tropidurus DO GRUPO semitaeniatus

Em lagartos, os sistemas de comunicação podem envolver sinais químicos, sonoros e táteis, mas, na linhagem Iguania, é primariamente realizada por movimentações estereotipadas de porções do corpo, que são visualmente reconhecidas por coespecíficos. Embora a América do Sul abrigue três entre os dez países com as maiores biodiversidades de "répteis" do mundo, estudos sobre a comunicação visual em lagartos sul-americanos são basicamente restritos a espécies do gênero Liolaemus. Por outro lado, apesar do gênero Tropidurus ser amplamente distribuído e possuir espécies localmente abundantes, apenas um único estudo forneceu informações sobre as exibições visuais em duas espécies do grupo torquatus. Neste estudo, investigamos, caracterizamos e comparamos a estrutura das exibições visuais de três espécies de Tropidurus do grupo semitaeniatus (T. helenae, T. jaguaribanus e T. pinima). Registramos as exibições realizando filmagens em alta definição (30 quadros/segundo) de indivíduos em contexto social de desafio, aqueles realizados na presença de coespecíficos. Caracterizamos a estrutura das exibições analisando cada filmagem quadro-a-quadro, registrando as mudanças de posição da cabeça (em pixels) ao longo do tempo (em segundos) para construir gráficos dos padrões de ação de exibição. Comparamos as exibições entre as espécies testando as diferenças no número, frequência (em cabeceios/segundo) e amplitude (em pixels) dos movimentos da cabeça. A frequência de cabeceios não diferiu interespecificamente, mas o número e a amplitude dos cabeceios diferiram entre as espécies. Tropidurus helenae (8,66±1,80) e T. jaguaribanus (10,1±1,99) realizaram mais cabeceios que T. pinima (3,75±0,41) e a amplitude dos cabeceios de T. helenae (68,31±27,57) foi maior que a de T. pinima (33,75±10,70). As peculiaridades das exibições visuais de T. pinima refletem sua divergência mais antiga na história evolutiva dos Tropidurus do grupo semitaeniatus, enquanto as similaridades entre os sinais visuais de T. helenae e T. jaguaribanus sugerem um possível efeito conservativo nas exibições de espécies filogeneticamente mais relacionadas.