Anais do IX Congresso Brasileiro de Herpetologia

Parasitas são um dos primeiros organismos a sofrerem influência de mudanças no ambiente, devido ao desgaste energético de seu hospedeiro. Por sua vez, e também como consequência das alterações nos habitats, a poluição interage com o parasitismo de complexas maneiras, tornando difícil uma generalização acerca dos seus efeitos nos parasitas. Nesse estudo, foram investigadas a composição e a estrutura da comunidade parasitária do anfíbio anuro Rhinella jimi. Os sapos foram coletados em dez municípios do sul do estado do Ceará, Brasil, em cada um, com uma amostra do interior de lixões ativos, e fora dele, em áreas com vegetação natural. Cento e setenta dos 210 sapos analisados (81%) estavam infectados. No total, 4.922 espécies de parasitas foram coletadas. Nos ambientes naturais foram coletados 2.620 endoparasitas (prevalência de 91.3%), e intensidade média de infecção de 29.58 ± 25. Na área antropizada foram coletados 2.302 (prevalência de 70.08%) e intensidade média de infecção de 28.16. Foram encontradas 13 espécies de nematóides: (Aplectana membranosa; Cosmocercidae sp.; Falcaustra mascula; Larvas de Oswaldocruzia sp.; Larvas de Physaloptera sp.; Ochoterenella convoluta; Oswaldocruzia mazzai: Oswaldocruzia sp.; Parapharyngodon sp.; Physaloptera sp.; Rhabdias breviensis; Rhabdias pseudosphaerocephala; Rhabdias sp. e uma espécie de Pentastomida: Raillietiella mottae) primeiro registro para anfíbios na América Latina. A comunidade parasitária associada aos anuros dos lixões não mostrou diferenças significativas dos descritores ecológicos em relação às encontradas nas áreas naturais, indicando uma tolerância significativa dos parasitas submetidos a esses ambientes degradados e com solo contaminado, onde o hospedeiro também reside, suportando tais condições.