PLANO DE AÇÃO TUTORIAL: TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA A ESCOLA INCLUSIVA

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Detalhes
  • Tipo de apresentação: Apresentação Oral
  • Eixo temático: 5. Acessibilidade e Tecnologia Assistiva
  • Palavras chaves: Plano de Ação Tutorial; Tecnologias assistivas; Educação Inclusiva;
  • 1 Universidad Internacional Iberoamericana - UNINI Puerto Rico

PLANO DE AÇÃO TUTORIAL: TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA A ESCOLA INCLUSIVA

Jonas Henrique Almeida da Silva

Universidad Internacional Iberoamericana - UNINI Puerto Rico

Resumo

PLANO DE AÇÃO TUTORIAL: TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA A ESCOLA INCLUSIVA

Palavras-chave: Plano de Ação Tutorial, Tecnologias Assistivas, Educação Inclusiva.
INTRODUÇÃO: Tendo como princípio a Declaração de Salamanca, a atual política de educação que propõe a inclusão de todos no sistema educacional, precisa buscar caminhos que permitam que todos os alunos participem ativamente dos processos educacionais desenvolvidos na escola (Brasil, 1997). “A Tecnologia Assistiva (TA) vem para dar suporte ao aluno com vistas a atender às suas especificidades e necessidades para que através do seu uso possam garantir que este não seja excluído em nenhum momento e em nenhuma atividade realizada no cotidiano” (Sartoretto e Bersch, 2010). Ao longo da história o homem está construindo tecnologias, trazendo mudanças e fazendo a diferença, pois a cada dia surgem novas invenções que contribuem para ampliar as capacidades funcionais de pessoas com limitações, auxiliando para uma vida com independência e autonomia (Cook e Hussey, 1995). Concordando com esse pensamento compreende-se também que “para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis. ” (Radabaugh, 1993 p.16). Segundo Fernández-Ranea (2009, p 13): Plano de Ação Tutorial (PAT) é o documento de estrutura que inclui a organização e o funcionamento dos tutoriais que serão executados no centro. Sua execução recai sobre os professores-tutores, com a orientação da Coordenação de Estudos e a colaboração do Departamento de Orientação. Nesse sentido, o Centro de Ensino, os professores, alunos, família e toda a comunidade escolar terá um instrumento a mais que possa garantir o conhecimento significativo para uma formação integral do estudante. Por meio de um Plano de Ação que visa promover a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência por meio do uso das Tecnologias Assistivas, o PAT aqui desenvolvido propõe um trabalho com uma série específica do ensino fundamental, por entender que esta representa um momento de transição entre os níveis de ensino. O modelo utilizado é o cognitivo e de desenvolvimento, o grupo trabalhado é o de classe. Na turma de sexto ano há três alunos com deficiência, Aline que possui deficiência intelectual, e Lara com Transtorno Global do Desenvolvimento e do Espectro Autista, Maria com deficiência visual. Aline e Lara alunas não utilizam a linguagem oral para verbalizar suas ideias e pensamentos. Aline sinaliza com a cabeça sim e não para demonstrar suas vontades e desejos, já Lara emite sons repetitivos sem coerência e aleatoriamente, ambas conseguem identificar através de imagens respostas e indagações que lhes são solicitadas, bem como mostrar através dessas o querer. Já Maria se expressa muito bem pela linguagem oral, porém ela possui uma grande dificuldade em acompanhar as aulas que possuem imagens, como slides, mapas, filmes entre outros. Maria e Aline participam das atividades propostas em aula, demonstrando interesse e uma vontade enorme de compartilhar seus conhecimentos. Já Lara precisa de atenção mais específica para que seja incentivada a participar das atividades desenvolvidas em sala de aula. Visando construir uma proposta de atendimento que venha contribuir para a participação plena de Aline, Maria e Lara juntamente com todos os alunos da turma, optou-se por elaborar um Plano de Ação, para nortear o trabalho e delegar tarefas, dentro de uma organização com garantia de acesso e continuidade na busca de conhecimento. Dessa forma há necessidade de elaborar ações motivadoras para que os alunos permaneçam firmes diante de tantos novos desafios e evitando que a evasão escolar aconteça. É evidente a adequação a esse novo momento no que diz respeito à programação, ou seja, a proposta de ação para sanar as necessidades do ensino aprendizagem. OBJETIVOS: O objetivo geral é disponibilizar meios de promover a acessibilidade digital que não se reduzam a uma forma meramente descritiva. E já os específicos são: possibilitar o engajamento e a contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões de interesse da turma e/ou de relevância para o processo de inclusão; conhecer os recursos da TA e sua aplicabilidade no cotidiano escolar; elaborar recursos pedagógicos que atendam as especificidades da turma.
METODOLOGIA: Nesse Plano de Ação Tutorial nos colocamos o desafio de “dar a ver” imagens e conteúdos escolares diversos às pessoas com deficiência através do uso de tecnologias assistivas, para que estas possam experimentar como presença em seus corpos. O filósofo esloveno, Evgen Bavcar (2003) criou o conceito de contra olhar a partir de sua própria experiência com a cegueira, na sua experiência material com o ato de fotografar, que pode nos ajudar a pensar o problema que nos dispomos discorrer nesta Ação Tutorial. Para Bavcar essa seria uma forma de se referir à imagem construída pelos cegos, pois podem, pela primeira vez na história, criar um contra olhar e sair da passividade insuportável daqueles que são vistos incessantemente, sem poder olhar para eles mesmos. Eis que surge um problema ético para nós tutores: o que há para se ver, conhecer, sentir nos conteúdos escolares que não se situam numa mera representação daquilo que vemos? Como criar espaços/tempos de um contra olhar através das tecnologias assistivas que retirem as pessoas com deficiência da passividade imposta de um olhar que os vê, mas não lhes permite verem e conhecerem por si próprios? Em um dos seus escritos, Michel Foucault (2006) nos aponta que uma das possibilidades da escrita consiste em “dar-se a ver, mostrar-se, fazer aparecer o rosto próprio junto ao outro. ” Mas também, “tratar-se de fazer coincidir o olhar do outro e aquele que se volte a si próprio quando se afere as quotidianas às regras de uma técnica de vida” (p.150-160). Apropriando-nos do pensamento de Foucault em relação à escrita trazemos para esse PAT como possibilidade de aprendizagem com o uso de tecnologias assistivas. Nossas observações sobre o uso de tecnologias assistivas, promovem percepções de que na maior parte das vezes essa tarefa é ausente nos centros de ensino ou tem sido tratada como um procedimento meramente técnico. Restringindo as tecnologias assistivas à técnica podemos perder uma dimensão “viva” dos conteúdos escolares. Estamos nos referindo ao gesto, ao esboço de um sorriso, às trocas de olhares. inscrições do corpo tão difíceis de se tornarem legíveis numa mera descrição daquilo que se passa na tela. Nesse sentido, tomamos para nós tutores a tarefa de “tradutores” dos conteúdos escolares tal qual proposto por Walter Benjamim. Em “A tarefa do tradutor” Benjamim defendia que a obra literária era, também, uma obra de arte e atribuía à tradução um papel crucial na existência e continuidade dessas obras. Caminhando com esse filósofo, pretendemos conceber os conteúdos escolares, também como obras de arte e atribuir às tecnologias assistivas o papel de dar continuidade ao caráter artístico dos conteúdos para aqueles que estão privados de conhecê-los e precisam experimentá-los a partir do olhar do outro. A tarefa metodológica deste PAT consiste em criar um meio que permita mudar os tradicionais modos de percepção do olhar que “descrevem” os conteúdos daqueles que podem vê-las com os sentidos para aqueles que não podem ter acesso. Realizar um convite à imaginação por meio da tutoria que possa fazer ter acesso através de uma espécie de “terceiro olho” que não é o olho daquele que vê, mas, o olho que procura se aproximar do olhar do criador dos conteúdos. Nossa metodologia toma como princípio de ação a premissa “Nada sobre Nós, sem Nós” que transita pelo reconhecimento do público alvo como princípio ético de alteridade procurando entender as demandas do outro que não somos nós. Mas, também, utilizamos os princípios humanistas da Ação Tutorial através de uma intervenção. Sob essa perspectiva, o conhecimento se constrói como processo no próprio percurso e nas relações que rompem com a dicotomia do tutor/tutorado. Nesse viés, por que promover acessibilidade digital com o uso das tecnologias assistivas? A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), Lei 13.146, diz que é obrigatória a acessibilidade para páginas de web e site de qualquer organização (empresas privadas, fundações e institutos, órgãos do governo) com sede ou representação comercial em território brasileiro (Art.63, julho de 2015).
Serão colocados em prática no PAT diversos recursos de acessibilidade a exemplo: braille, audiodescrição, descrição de imagens, entre outros. As orientações tutoriais para o uso das tecnologias assistivas podem ser encontradas a seguir: recursos necessários para o PAT: Prancha e Pasta de Comunicação: É um recurso construído com imagens para ampliar o repertório comunicativo. Já as Pastas de Comunicação são construídas durante todo ano escolar, organizando-se por temas numa sequência de assuntos trabalhados durante o ano letivo. Vocalizador: É um recurso eletrônico que auxilia na reprodução da comunicação, permitindo ao usuário se expressar. Computador: Utiliza softwares que permitem a acessibilidade dos alunos nos diversos temas trabalhados, como os leitores de telas que descrevem materiais textuais (Orca, Talkback, VoiceOver, Dosvox e Virtual Vision). Materiais diversos: Cartolina, cola, lápis, livros, revistas, tesoura, entre outros. RESULTADOS:
É importante sempre incluir pessoas com deficiência em nossos projetos de Ação Tutorial nos centros educativos. Para a promoção da acessibilidade e equidade através do uso das tecnologias assistivas se faz um constante acompanhamento conversando com os tutorados e sua família e escutando suas opiniões e preferências. Quando possível, ao invés de descrever os conteúdos escolares e imagens, na Ação Tutorial devemos tentar fazer uma versão do mesmo conteúdo em formato de áudio, vídeos com legendas, com uma música agradável de fundo, um texto objetivo e uma locução adequada. Desta forma, a comunicação será mais assertiva para o público tutorado. Essa personalização demonstra uma verdadeira inclusão. Nesse meandro de acompanhamento pedagógico se faz necessária a escuta empática dos tutorados e familiares com encontros quinzenais. Além disso, sempre buscando o protagonismo dos tutorados, estímulo à inovação e criatividade, é importante desafiá-los na construção “faça você mesmo” de materiais alternativos para uso de tecnologias assistivas de baixo custo, auxiliando assim, no processo de aprendizagem significativa e simplificada. Como o monitoramento e acompanhamento da execução das ações não podem acontecer de forma desvinculada é importante que durante o processo e etapas da Ação Tutorial o exercício do diálogo entre direção, coordenação, professores, alunos, pais e tutores, deve ser uma constante através de entrevistas, rodas de conversas, lives, fichas e atas de registros de maneira a alinhar periodicamente as ações. Assim, a avaliação será contextualizada durante todo o processo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Quando se opta por abrir a porta da escola para todos, é preciso repensar o fazer pedagógico, de modo que as portas não sejam somente abertas, mas que tenham o acolhimento e a busca de recursos que contribuirão para a plena participação de todos. Ao utilizar os recursos da Tecnologia Assistiva é propiciado que ninguém seja excluído no dia a dia da escola.

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