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Da utopia da inclusão: as contradições para mirar o horizonte

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O texto apresenta reflexões acerca de pesquisa realizada em uma escola pública com um grupo de professores dos anos finais que, pela primeira vez, recebia alunos com deficiência. A pesquisa configurou-se como uma intervenção formativa e foi organizada em 10 sessões. As reflexões estão centradas na indicação de inclusão como utopia – indicação que esteve presente ao longo das sessões. O objetivo é compreender a ideia de utopia levantada pelos sujeitos participantes, procurando estabelecer relações com o conceito de contradição que pode abrir margem a possibilidade de mudança da inclusão que se percebe problemática. Sustentando a proposta da intervenção, a implementação dela, a análise dos dados e a presente reflexão está a Teoria Histórico-Cultural da Atividade, principalmente, a partir dos escritos de Engeström. A reflexão, a partir dos dados da pesquisa, indicou que a utopia demarcava impossibilidades de sucesso da inclusão, denunciando o processo como falácia. Entretanto, esse não foi o único sentido atribuído, houve também a importante presença de manifestações de contradição no discurso dos sujeitos – e essas contradições demarcam tensões históricas, situações de jogos de forças nos quais há potencial de transformação da situação. A utopia carrega em si a contradição: remete a ideal distante, inatingível, mas que movimenta os sujeitos em sua direção.