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ADOLESCÊNCIA E DEFICIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DO CORPO A PARTIR DO OLHAR DE MENINAS CEGAS

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Atualmente nos encontramos imersos numa cultura da imagem, a qual privilegia tão somente o que é aparente. Trata-se de uma sociedade visuocêntrica que desconsidera certos hiatos provenientes da falta da visão. No propósito de ampliar o debate acerca da articulação entre corpo e deficiência, cujas discussões atuais se limitam a aspectos ligados à saúde, sexualidade e cuidados pessoais, este artigo propõe o entrelaçamento conceitual entre corpo, adolescência e deficiência visual. A pesquisa tem como objetivo identificar a percepção de adolescentes cegas em relação ao seu corpo, bem como os impactos gerados pelas mudanças ocorridas nessa etapa de sua vida. Utilizamos a metodologia de abordagem qualitativa, a partir da qual, por meio de entrevista semiestruturada, procuramos responder às seguintes perguntas: como adolescentes cegas se reconhecem a partir de seu corpo? Quais impactos são gerados em adolescentes cegas em consequência das mudanças ocorridas nessa fase? Os dados da investigação revelaram, em primeiro lugar, que a percepção das adolescentes em relação a seu corpo parece ser uma construção que advém dos olhares de outros, o que ocorre pela fragilidade destas a cerca do conhecimento de si mesmas resultando em certo estranhamento quando se referem a aspectos relacionados a sua percepção corporal. Espera-se com isso contribuir com a superação dos olhares estereotipados presentes na sociedade atual.