14735

TEORES DE FENÓIS TOTAIS NAS CASCAS DE ANGICO VERMELHO

Favoritar este trabalho

1. INTRODUÇÃO

Os fenóis vegetais constituem um grupo quimicamente heterogêneo, com aproximadamente 10.000 compostos (Taiz e Zeiger, 2004). Dentre eles, destacam-se os flavonoides, ácidos fenólicos, fenóis simples, cumarinas, taninos e ligninas. Esses compostos fenólicos possuem estrutura variável e com isso, são multifuncionais (SHAHIDI; NACZK, 1995).
Os compostos fenólicos são substâncias que possuem anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais, os quais são originados do metabolismo secundário das plantas, sendo essenciais para o seu crescimento e reprodução.
Em seu habitat, as plantas estão expostas à intensa radiação solar, degradando pelo processo de foto-oxidação moléculas de extrema importância nos processos fotossintéticos. Para se protegerem desta degradação, as plantas sintetizam compostos de origem fenólica que atuam na absorção da radiação nas camadas epidérmicas dos tecidos, regulando o sistema antioxidante nas células (GOBBO NETO; LOPES, 2007).
Entre os métodos colorimétricos de quantificação de fenóis, os de Folin-Denis e Folin-Ciocalteu são os mais utilizados. A reação baseia-se no princípio de que em meio alcalino os fenóis reduzem a mistura dos ácidos fosfotúngstico e fosfomolibdico (MONTEIRO et al., 2006) em óxidos de tungstênio e molibdênio de cor azul. O método colorimétrico de Folin-Denis é bem reconhecido e largamente usado, mas não faz distinção entre compostos fenólicos e outros materiais redutores ou antioxidantes, como o ácido ascórbico, formando precipitados que interferem na leitura espectrofotométrica (SCHOFIELD; PELL; MBUGUA, 2001). O que difere o reagente de Folin-Denis do reagente de Folin-Ciocalteau é que este foi adicionado sulfato de lítio para evitar a formação de precipitados (FOLIN; CIOCALTEAU, 1927). Comumente conhecida como angico, angico-vermelho, Anadenanthera peregrina é uma espécie pioneira, pertencente à família Leguminosae- Mimosoideae (Mimosaceae), possuindo ampla distribuição geográfica (LORENZI, 1998). Diversas são as espécies de angico ocorrentes no Brasil, das quais se extrai, da casca, o tanino (AFONSO, 2008). Segundo o mesmo autor, a casca de Angico é um dos principais produtos não madeireiros ocorrentes no Cerrado.
Diante do apresentado, o objetivo deste trabalho foi a quantificação de fenóis totais presentes nas cascas de Anadenanthera peregrina, bem como a comparação entre duas metodologias de quantificação.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

As cascas foram coletadas na altura de 1,30 m do solo (DAP) com o auxilio de facão. Foram coletadas amostras de 35 árvores. O período de coletada foi em julho de 2011.
As cascas foram secas ao ar livre, moídas em moinho martelo e peneiradas, utilizando-se um conjunto de peneiras na granulometria de 40 e 60 mesh, utilizando-se neste trabalho o material retido na peneira de 60 mesh. As amostras foram mantidas em sala de climatização com temperatura de 20 ºC (± 2 ºC) e umidade relativa do ar de 60% (± 5%), até obterem massa constante, para a determinação da umidade na base seca.
Para o preparo do extrato, foram utilizados o correspondente a 200 mg de casca seca e moída, a qual foi extraída em 10mL de metanol a 50% (v/v), em maceração a frio e agitação constante por um período de 4 horas, segundo metodologia descrita por Castro et al. (2009). O extrato foi filtrado em papel filtro e o volume completado para 10 mL.
As curvas de calibração foram preparadas a partir das medidas de absorbância de soluções padrão de ácido tânico.
Para a quantificação de fenóis pelo método de Folin-Denis, foram transferidos 0,05 mL do extrato bruto para um tubo de ensaio, 3,45 mL de água destilada, 0,25 mL de reagente Folin-Denis, 0,5 mL de solução saturada de carbonato de sódio e 0,75 mL de água.
Para a quantificação de fenóis pelo método de Folin-Ciocalteau, foram transferidos 0,5 mL de extrato, acrescidos de 2,5 mL da solução de Folin-Ciocalteau a 10% (v/v) e 2,0 ml da solução de Carbonato de sódio a 4% (m/v).
Após 30 minutos foram realizadas as leituras das absorbâncias em espectrofotômetro a 760 nm, modelo uv-vis, Quimis.
Foi realizada análise de variância, teste F a 5% de significância.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de fenol total por Folin-Denis e Folin-Ciocalteau e seus respectivos coeficientes de variação estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Valores médios de fenol total
Metodologia Média Fenol (%) CV (%)
FD 12,23 8,85
FC 11,73 10,37
FD: Folin-Denis; FC: Folin-Ciocalteau.

Apesar dos valores de fenóis totais por Folin-Denis terem sido, na maioria das amostras, maiores que os valores de fenóis por Folin-Ciocalteau não foi encontrada diferença estatística significativa entre as metodologias de quantificação de fenóis totais.

4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

As cascas de Anadenanthera peregrina apresentaram valores médios de fenóis de 12,23% e 11,73% pelos método de Folin-Denis e Folin-Ciocalteau respectivamente. Indica-se a utilização do método Folin-Denis, tendo em vista a menos utilização de reagentes.

5. BIBLIOGRAFIA

AFONSO, S. R. Análise sócio-econômica da produção de não-madeireiros no cerrado brasileiro e o caso da cooperativa de pequi em Japonvar, MG. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade de Brasília, Brasília, 2008. 107 p.

CASTRO, A.H. F.; PAIVA, R.; ALVARENGA, A.A.; VITOR, S.M.M. Calogênese e teores de fenóis e taninos totais em barbatimão [Stryphnodendron adstringens (Mart. ) coville]. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 33, n. 2, p. 385-390, mar./abr. 2009.

FOLIN, O.; CIOCALTEAU, V. On tyrosine and tryptophane determinations in proteins. Journal of Biological Chemistry, Baltimore, v.73, p. 627, 1927.

GOBBO NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 374-381, mar./abr. 2007.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1998. 352 p.

MONTEIRO, J.M.; ALBUQUERQUE, U.P.; LINS NETO, E.M.F.; ARAÚJO, E.L.; ALBUQUERQUE, M. M.; AMORIM, E.L.C. The effects of seasonal climate changes in the Caatinga on tannin levels in Myracrodruon urundeuva (Engl.) Fr. All. And Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Revista Brasileira de Farmacognosia, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 338-344, July/Sept. 2006.

SCHOFIELD, P.; MBUGUA, D.M.; PELL, A.N. Analysis of condensed tannins: a review. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 91, p. 21-40, 2001.

SHAHIDI, F.; NACZK, M. Food phenolics: sources, chemistry, effects and applications. Lancaster: Technomic, 1995.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPq, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais – FAPEMIG pelas concessões de bolsas de estudo.