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QUANTIFICAÇÃO DA PORCENTAGEM DE CINZAS PRESENTE NA CONSTITUIÇÃO DE CINCO ESPÉCIES ARBÓREAS

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1. INTRODUÇÃO
Cardoso et al. (2001) consideram que a combustão da madeira resulta na obtenção de cinzas, indicando o conteúdo de minerais presentes na madeira em suas mais diferentes formas. A quantidade dos elementos minerais constituintes das madeiras varia com a espécie, a disponibilidade dos mesmos no solo, a necessidade individual de cada árvore e a época do ano. A análise química da madeira compreende a determinação da composição da madeira, extração dos nutrientes, purificação e caracterização dos minerais encontrados (KLOCK et al, 2005).
Este trabalho teve o propósito de determinar a quantidade de cinzas nas madeiras de Pinus sp., Ocotea catharinensis Mez (canela-preta), Cordia americana (guajuvira), Erythrina crista-galli L. (corticeira-do-banhado) e Schizolobium parahyba (guapuruvu).

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
As madeiras de Pinus sp., Ocotea catharinensis Mez (canela-preta), Cordia americana (guajuvira), Erythrina crista-galli L. (corticeira-do-banhado) e Schizolobium parahyba (guapuruvu) foram reduzidas em partículas pequenas, manualmente, através da utilização de uma lima, equipamento utilizado por marceneiros. Posteriormente as partículas foram secas em estufa a uma temperatura de 60ºC, por 168 horas.
O processo de determinação da quantidade de cinzas foi realizado segundo a norma T211 om – 93 (1994), que trata da determinação de cinzas em madeira, celulose e papel.
No laboratório, os cadinhos, recipientes de porcelana que possuem a função de aquecer substâncias a seco em altas temperaturas, foram calcinados em mufla à temperatura de 525ºC, durante 3 horas. Em seguida, esses recipientes foram transferidos para um dessecador, recipiente fechado empregado para conservar a baixos teores de umidade amostras, onde permaneceram até o completo resfriamento dos mesmos. Ao término do resfriamento pesaram-se os cadinhos, em balança analítica para, em seguida, acrescentarem-se as amostras de madeira. Em cada cadinho foram depositadas 2,0 gramas da amostra, podendo ocorrer uma margem de erro de 0,2 gramas para mais ou 0,2 gramas para menos, de madeira completamente seca em estufa.
O material preparado foi levado à mufla, estufa para altas temperaturas (200 a 1400ºC) onde foi realizada a combustão das amostras na seguinte sequência: primeiramente a mufla, com a porta fechada, permaneceu durante 20 minutos até que o equipamento atingisse a uma temperatura de 300ºC, em seguida elevou–se a temperatura da mufla a 525ºC e por 10 minutos manteve–se a sua porta semiaberta. Após os 10 minuto foi fechada a porta do equipamento, mantendo os cadinhos com as amostras em seu interior por mais 3 horas. Encerrando as 3 horas desligou–se a mufla, e por mais 8 horas com o equipamento fechado, aguardou-se o resfriamento das amostras. Na etapa seguinte os cadinhos com amostras incineradas foram transferidos para o dessecador, para resfriamento completo das amostras sem aumento do teor de umidade. Após resfriamento as amostras foram levadas à balança analítica para a pesagem das cinzas.
A determinação da percentagem das cinzas ocorreu pela seguinte equação (Eq 1), determinada pela norma T 211 om – 93 (1994):

%C = Pc/P x 100 (Eq 1)

%C = teor de cinzas em %
Pc = peso das cinzas
P = peso da amostra absolutamente seca

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise da quantidade de cinzas dos tratamentos apresentou como maior resultado o T1 com 3,29%. Tendo como menor porcentagem o T5 com 0,34%. A pequena variação de cinzas que ocorreu nos tratamentos T2, T3 e T4 podem ser relacionadas à densidade da madeira das espécies, já que esta propriedade se apresenta muito semelhante nessas espécies. As diferenças entre T1 e T5 indicam a importância da composição nutricional e sua influência na porcentagem de cinzas. Percebe-se que, mesmo o T1 possuindo uma densidade de 0,31 g/cm³ (LORENZI, 2008), em que a madeira é mole e de baixa durabilidade a ambientes externos, apresentou a maior porcentagem de minerais constituindo a madeira. Já T5, embora tenha massa específica média (LORENZI, 2003) similar a T1, apresentou a menor quantidade de cinzas neste experimento.

4. CONCLUSÕES
Determinar o conteúdo de minerais encontrado nas espécies, principalmente nativas foi de grande importância, pois esses são dados ainda estão indisponíveis na literatura. Este estudo também permitiu inferir que o alto grau de minerais na composição da corticeira, demonstrado no alto teor de cinzas obtido, pode indicar que esta espécie tem um maior potencial para utilização dessas cinzas. A diferença na composição das espécies deste estudo, Pinus sp., Ocotea catharinensis Mez (canela-preta), Cordia americana (guajuvira), Erythrina crista-galli L. (corticeira-do-banhado) e Schizolobium parahyba (guapuruvu) é influenciada pelo maior teor de lignina, e, principalmente pela presença e quantidade de extrativos.

5. BIBLIOGRAFIA

CARDOSO, G. V. ; ROSA, C. A. B. ; GUARIENTI, A. F. ; PEDRAZZI, C. ; SOUZA, M. C. H. ; FRIZZO, S. M. B. ; FOELKEL, C. E. B.. Adequação de metodologia amostral de madeira de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus para determinação do teor de cinzas. In: 34º Congresso Anual de Celulose e Papel, 2001, São Paulo-SP. Anais... 34º Congresso Anual de Celulose e Papel, 2001.

LORENZI, H et al. Árvores Exóticas no Brasil – Madeireiras, ornamentais e aromáticas.
Nova Odessa, SP: INSTITUTO PLANTARUM. 2003.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Nova Odessa, SP: INSTITUTO PLANTARUM. Vol.1. 5ed. 2008.

KLOCK, U.; MUÑIZ, G. I. ; ANZALDO, J. H.; ANDRADE, A. S. Química da madeira - 3 ED. (material didático). Curitiba: Fupef do Paraná, 2005.

T 211 om 93. ASH IN WOOD, PULP, PAPER AND PAPERBARD: Combustion at 525ºC. Atlanta, 1994.