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1. INTRODUÇÃO

Em seu habitat, as plantas estão expostas à intensa radiação solar, dessa forma, degradando moléculas de extrema importância nos processos fotossintéticos, como as clorofilas e outros pigmentos, pelo processo de foto–oxidação. No intuito de se protegerem desta degradação, as plantas sintetizam compostos de origem fenólica que atuam na absorção da radiação nas camadas epidérmicas dos tecidos, regulando o sistema antioxidante nas células (GOBBO NETO; LOPES, 2007).
Grupo pertencente a uma classe de compostos com estruturas bastante diversificadas e possuem pelo menos um anel aromático no qual, pelo menos um hidrogênio é substituído por um grupamento hidroxila (OH-) (CARVALHO et al., 2002).
A diversidade estrutural dos compostos fenólicos deve-se à grande variedade de combinações que acontece na natureza e os compostos resultantes são chamados de polifenóis (HARBONE, 1989).
Segundo Taiz e Zeiger (2004), os fenóis vegetais constituem um grupo quimicamente heterogêneo, com aproximadamente 10.000 compostos. Dentre eles, destacam-se os flavonóides, ácidos fenólicos, fenóis simples, cumarinas, taninos e ligninas. Esses compostos fenólicos possuem estrutura variável e com isso, são multifuncionais (SHAHIDI; NACZK, 1995).
Entre os métodos de quantificação de fenóis totais destacam as metodologias colorimétricas/espectrofotométricas de Folin-Denis e Folin-Ciocalteau, porém essas metodologias não são específicas para taninos. Segundo Amorim et al. (2008), a reação baseia-se no princípio de que em meio alcalino os fenóis reduzem a mistura dos ácidos fosfotúngstico e fosfomolibdico em óxidos de tungstênio e molibdênio de cor azul.
As espécies do gênero Eucalyptus têm sido predominantemente utilizadas nos reflorestamentos brasileiros, devido ao seu rápido crescimento, capacidade de adaptação de determinadas espécies às diversas regiões e pelo potencial econômico de utilização da sua madeira. Com a grande exploração dessas espécies, são geradas grandes quantidades de cascas.
A utilização de cascas de espécies florestais para a extração destes compostos fenólicos é uma alternativa viável, tendo em vista a ampla gama de utilização dos taninos e pela grande quantidade do resíduo, casca, de modo a promover um maior valor agregado.
O objetivo deste estudo foi a quantificação de fenóis totais nas cascas de Eucalyptus grandis.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

As cascas de Eucalyptus grandis foram coletadas a 1,30 m do solo, em um plantio localizado no campus da Universidade Federal de Lavras. Após coletadas, as cascas foram secas ao ar livre, trituradas em moinho martelo e peneiradas, utilizando-se um conjunto de peneiras de 40 e 60 mesh, utilizando o material retido na peneira de 60 mesh.
Para o preparo do extrato, foram utilizados 600 mg de casca moída, a qual foi extraída em 20 ml de metanol 50% (v/v) em maceração a frio e agitação por um período de 4 horas. Após este período, o material foi filtrado em papel filtro e o volume completado para 20 ml com metanol 50%. Os extratos foram preparados em triplicata.
Para o doseamento de polifenóis foi utilizado como solução padrão ácido tânico 0,01% (m/v). Foram pipetados 40 μl do extrato, 1,66 ml de água, 100 μl de reagente de folin-denis e 200 μl de solução saturada de carbonato de sódio e cada extrato foi analisado em duplicata. Após 30 minutos, foi realizada a leitura da absorbância em espectrofotômetro no comprimento de onda de 760 nm.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valore médios de fenóis totais e respectivos coeficientes de variação estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1:Valores médios de fenol total e seus respectivos coeficientes de variação
Extrato Fenol (%) CV (%)
1 7,69 2,92
2 7,59 3,71
3 7,48 1,15
Média 7,58 2,59
CV (%) Coeficiente de variação

Foram encontradas nas cascas de Eucalyptus grandis um valor médio de 7,58% de fenol total.
Ribeiro (2010), encontrou valor médio de 22,71% de fenóis totais nas cascas de Barbatimão [Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville], uma espécie de cerrado com potencial para a extração de taninos. Sartori (2012), encontrou 12,23% de fenóis totais nas cascas de Angico vermelho (Anadenanthera peregrina), valores estes maiores ao encontrado nas cascas de Eucalyptus grandis.

4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Apesar da espécie apresentar teores de fenóis totais inferiores às espécies potenciais para a extração de compostos fenólicos (Angico vermelho e barbatimão), sua área plantada e consequentemente o seu volume de casca gerado são superiores. A extração dos compostos fenólicos nas cascas de Eucalyptus grandis é uma alternativa de modo a promover um maior valor agregado aos resíduos cascas.

5. BIBLIOGRAFIA

AMORIM, E.L.C.; NASCIMENTO, J.E.; MONTEIRO, J.M.; PEIXOTO SOBRINHO, T.J.S.; ARAÚJO, T.A.S.; ALBUQUERQUE, U.P. A simple and accurate procedure for the determination of Tannin and flavonoid levels and some applications in ethnobotany and ethnopharmacology. Functional Ecosystems and Communities, Ikenobi, v. 2, n. 1, p. 88-94, 2008.

CARVALHO, J.C.T., GOSMANN, G., SCHENKEL,E.P. Compostos fenólicos simples e heterosídicos. In: SIMÕES, C.M.O., SCHENKEL, E.P., GOSMAN, G., MELLO, J.C.P., MENTZ, L.A. PETROVICK, P.R. Farmacognosia – da planta ao medicamento. 4ªed. Porto Alegre/Florianópolis. Editora da Universidade, p.443-461. 2002.

GOBBO NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 374-381, mar./abr. 2007.

HARBONE, J. B. General procedures and measurement of total phenolics. In: Methods in plant biochemistry: plant phenolics. London: Academic, 1989. p. 1-28, v. 1.

RIBEIRO, A.O. Análise anatômica e quantificação de taninos de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville em diferentes estratos da copa e entre períodos de coleta. 2011, 68p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia da Madeira) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2011.

SARTORI, C.J. Avaliação dos teores de compostos fenólicos nas cascas de Anadenanthera peregrina (angico-vermelho). 2012, 94p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia da Madeira) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2012.

SHAHIDI, F.; NACZK, M. Food phenolics: sources, chemistry, effects and applications. Lancaster: Technomic, 1995.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPq, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais – FAPEMIG pelas concessões de bolsas de estudo.