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O emprego de madeiras alternativas contribui para a proteção de matas nativas e diminuiu o déficit de matéria prima da indústria de produtos sólidos. O emprego de madeiras de plantios, como o mogno africano, tem ganhado espaço principalmente na indústria moveleira e construção civil. Contudo, a escassez de informações sobre as características dessa madeira e de sua trabalhabilidade dificultam sua utilização. Devido a esse atual quadro objetivou-se avaliar a qualidade da superfície usinada das madeiras de Khaya ivorensis A. Chev e Khaya senegalensis Desr (A. Juss) processados mecanicamente com diferentes padrões.
As espécies, Khaya ivorensis A. Chev e Khaya senegalensis Desr (A. Juss) são da família Meliaceae, conhecidas popularmente como mogno africano e foram introduzidas no Brasil com o intuito de substituir o mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King), que apresenta de baixas a médias contrações e boas características de resistência a esforços estáticos e à compressão (MACHADO et al., 2003). Outro fator importante é sua resistência à Hypsiphyla grandella (Zeller), principal praga do mogno brasileiro
Néri et al. (2000) observaram crescimento na demanda por espécies de reflorestamento no setor madeireiro no Brasil. Esses autores atribuíram este crescimento à necessidade de substituição da madeira de florestas nativas tradicionalmente utilizadas nos setores moveleiro e da construção civil.
O rugosímetro é utilizado para determinar perfis lineares. Ele mede as variações verticais em função do deslocamento horizontal, sobre as superfícies dos materiais. Silva et al. (2006) mostraram que o rugosímetro de arraste pode ser utilizado para verificação de texturas de superfícies usinadas de madeira, fornecendo parâmetros como “Ra”, “Rt”, “Rq”, “Rz”, “Ry” e “Sm”. Silva et al. (2008), analisando madeiras de Eucalyptus grandis apresentaram correlação positiva entre os valores médios dos parâmetros “Ra” e “Rq com a velocidade de avanço.
Em plantio comercial, com 11 anos de idade, abateu-se aleatoriamente duas árvores, sendo uma de Khaya ivorensis e outra de K. senegalensis e coletou apenas a primeira tora de cada uma. As toras foram desdobradas tangencialmente e retirou-se aleatoriamente 44 corpos de prova de 600 x 140 x 30 mm (comprimento x largura x espessura). Eles foram transportados para a câmara climática com temperatura e umidade relativa do ar controladas [T = (20±2)0C e UR = (60±5)%] do Laboratório de Ciência e Tecnologia da Madeira (DCF-UFLA).
A seguir, os corpos de prova foram aplainados nas faces, em uma plaina desempenadeira com cabeçote de 105 mm de diâmetro, com três facas e sistema de exaustão. As rotações do eixo porta ferramentas foram de 2400, 3600 e 4000 min-1 definidas a partir de inversor de frequência (W10). A partir dessas rotações foram calculadas as velocidades de corte. Já, as velocidades de avanço foram pré-estabelecidas em 6 e em 15 m*min-1 com uso de alimentador de avanço acoplado a um inversor de frequência (W8). A seguir os corpos de prova foram transportados novamente para a câmara climática.
Por meio de um rugosímetro de arraste (Surtronic 3+), foram feitas 4 leituras na face aplainadas de cada corpo de prova. O parâmetro de rugosidade mensurado foi o “Ra”, conforme trabalho realizado por Braga (2011).
A análise estatística foi realizada utilizando a análise de variância (ANOVA) a 5% de significância com doze tratamentos (três velocidades de corte, duas espécies e duas velocidades de avanço).
A análise de variância do parâmetro de rugosidade “Ra” encontra-se na Tabela 1.
Observou-se que não encontrou diferença estatística, a 5% de significância entre os tratamentos analisados.
Em trabalhos realizados por Silva et al. (2006) e Silva et al. (2008) pode-se observar que menores velocidades de avanço e maiores velocidades de corte proporcionaram superfícies com menores valores de rugosidade consequentemente de melhor qualidade.
Não houve diferença na qualificação da superfície para os diferentes tratamentos, como sugestão para próximos trabalhos, deve utilizar rugosímetros com maior faixa de leitura (CUT-OFF) como proposta para detectar brucos arrancamentos de fibras.