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PRESERVANTES DA MADEIRA
Roger Ravasi, Elio José Santini, Daniela Lilge
UFSM. UFSM, Universidade Federal Do Pampa
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1. INTRODUÇÃO
Essencialmente o que deve ser observado em um produto preservante de madeira é a característica de apresentar baixa toxicidade aos seres vivos, além do efeito protetor dessa substância contra os organismos xilófagos. Ainda é importante observar os custos do produto, que não devem ultrapassar os gastos com a madeira preservada (WILKINSON, 1979). As formulações preservativas são divididas conforme suas características físicas e químicas, podendo ser classificadas em 2 grupos; preservativos oleossolúveis e preservativos hidrossolúveis (HUNT e GARRAT, 1953).

2 MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia adotada nesse trabalho foi a revisão bibliográfica através de pesquisa em artigos, apostilas da área, livros técnicos, sites especializados em preservação da madeira, notas de aula e boletins informativos.

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
De forma generalizada os produtos preservativos ditos oleossolúveis são aqueles que são formados por um solvente que contém uma mistura de óleo (COSTA, 2003). Os preservativos oleossolúveis naturais têm como características a cor escura e um odor característico além de uma viscosidade alta em temperatura ambiente. A maioria é resistente à lixiviação e ótimos inseticidas e fungicidas. (SILVA, 2007) A seguir serão descritos os principais preservativos oleossolúveis.
O Creosoto é um preservativo com características oleosas, advindo da destilação do alcatrão da hulha, normalmente utilizados na preservação de postes e dormentes. (PAES, 2002).
As principais características do Óxido de bis (tributil-estanho) (TBTO) são: a baixa toxidez contra os mamíferos, não causa irritações respiratórias, tem apresentado resultados 7,5 vezes maiores que o conhecido preservativo CCA no combate das podridões (ROCHA, 2001). O TBTO aumenta sua eficiência contra a podridão parda quando misturado com o Pentaclorofenol, Ortofenifenol, e os boratos (SILVA, 2007).
O preservativo Pentaclorofenol (PCP) é altamente tóxico para agentes biodegradadores da madeira, não se volatiza, e também não corrói os metais, apresentando resistência à lixiviação (MENDES, 1988). No Brasil o Pentaclorofenol é usado na forma de sais como preservativo de peças de madeira com ação fungicida e inseticida (ANVISA, 2012).
O tribromofenol (TBP) nos países da Ásia vem apresentando excelentes resultados contra os fungos manchadores. Mas no Brasil tem sua eficiência reduzida devido a problemas climáticos não favoráveis ao preservativo, os quais aumentam a exaustão do preservativo na peça de madeira ou o degradam, facilitando o desenvolvimento de agentes xilófagos (ROCHA, 2001). Este preservativo vem sendo usado para tentar substituir o pentaclorofenato de sódio, por ser economicamente mais viável e sofrer menor restrição ambiental, embora apresente menor eficiência contra os agentes biológicos (SILVA, 2007).
Geralmente os preservativos hidrossolúveis são formados de um ou mais componentes tóxicos. Em teoria, quanto mais compostos químicos em um só produto, maior será sua eficiência e abrangerá maior quantidade de espécies de fungos e insetos (MENDES, 1988). Os preservantes químicos hidrossolúveis são compostos à base de água. Os sais presentes nos preservativos hidrossolúveis têm uma grande vantagem de ordem prática e econômica: a sua comercialização em pó ou pasta, de forma concentrada, sendo sua diluição feita apenas antes do uso (SILVA, 2007).
Segundo Rocha (2001), o Arseniato de Cobre Cromatado (CCA) é um produto preservante que tem grande aceitação no mercado mundial, sendo que 80% de toda madeira tratada no mundo sofre tratamento com CCA (arseniato de cobre cromatado). De acordo com Santini (1988), o CCA é um preservativo utilizado em várias formulações, se diferenciando por suas concentrações de cobre, cromo e arsênio. O cobre e o arsênio são muito tóxicos aos agentes biodegradadores, aumentando, assim, a durabilidade do produto, sendo, portanto, recomendado para diversas finalidades.
Moreschi (2005) afirma que a formulação do Borato de Cobre Cromatado (CCB) vem sendo utilizada como um produto alternativo ao CCA, que em sua formulação utiliza o boro ao invés do arsênio. Em relação às diferenças ao se utilizar esses produtos, o CCB apresenta maior perda por lixiviação e sua toxidez não é tão elevada para insetos, sobretudo para madeira que ficará exposta por extenso período. Se o preservativo CCB for utilizado nas condições climáticas e de solo normais do Brasil, sua duração pode ultrapassar 30 anos.(BARILLARI, 2002).
O Arseniato de Cobre Amoniacal (ACA) é conhecido também, de Chemonite.. Depois que ocorre a secagem da madeira, a amônia evapora, proporcionando assim a precipitação do Arseniato de cobre. A adição de amônia causa maior permeabilidade, e porque gera abertura na estrutura da parede celular, forma um complexo de cobre, diminuindo os efeitos da corrosão nos metais e retarda a formação de precipitados de Arseniato de Cobre (SILVA, 2007).
O Cromato de Cobre Ácido (ACC – Celsure) em sua formulação contém sulfato de cobre, dicromato de sódio e trióxido de cromo e não apresenta função inseticida. O cromo tem efeito na redução da corrosão causada pelo sulfato de cobre e precipita o cobre na forma de cromato de cobre insolúvel (ROCHA, 2001). O cromato de cobre ácido também é conhecido pelo nome Celcure, que é utilizado em tratamentos de preservação da madeira que usam pressão ou não, proporcionando ótima proteção (SANTINI, 1988).
O desenvolvimento do cloreto de zinco cromatado (CZC) se deu com o intuito de diminuir a lixiviação e o efeito de corrosão em metais do cloreto de zinco puro, sendo usado em larga escala, em decorrência da escassez de creosoto, depois da Primeira Guerra Mundial. (MORESCHI, 2005).
Já os Compostos de Boro são preservativos incolores, sem odor, possuem baixa toxidez para o homem e sua penetração é alta em peças de madeira verde. Porém, sua utilização é restrita, sendo que as peças tratadas não devem ser expostas à chuva e a outras formas de umidade (MORAIS, 2008).

4. CONCLUSÂO
No decorrer da pesquisa foi encontrado pouco material sobre o assunto de preservativos da madeira. A parte didática sobre os preservativos utilizados na preservação da madeira foi descrita por professores de cursos de graduação em engenharia florestal. Em contrapartida, são poucos os professores na área, o que limita a quantidade de informações sobre o assunto e o acesso às informações.

5. BIBLIOGRAFIA
BARILLARI, C. T. Durabilidade da madeira do gênero Pinus tratada com preservantes: avaliação em campo de apodrecimento. 2002. 68 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.
ANVISA - AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Nota técnica sobre reavaliação toxicológica do ingrediente ativo do Pentaclorofenol e seus sais.. Disponível em: <http//www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 5 mar 2012.
COSTA, A. F. Como preservar a madeira no meio rural. Brasília: Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Florestal, 2003. 31 p. il. (Comunicações Técnicas Florestais, v.5, n.2)
HUNT. G.M., GARRATT. G.A. Wood preservation. 1.ed. New York: Mc Graw Hill, 1953. 417p.
MENDES, A. S.; A degradação da madeira e sua preservação. Brasília: IBDF/LPF, 1988. 57 p.
MORAIS, A. Produtos para tratar madeira previnem perdas. Revista Madeira, nº117, nov., 2008.
MORESCHI, J.C. Produtos preservantes de madeira. Curitiba, 2005. Universidade Federal do Paraná. Curso de Pós Graduação em Engenharia Florestal, BR-PR, 2005, 31p.
PAES, J.B. Corrosividade causada por soluções produzidas com creosoto vegetal. Revista Arvore-Viçosa, vol. 26, nº 5, 2002. p. 621-627.
ROCHA, M. P. Biodegradação e Preservação da Madeira. Fupef – Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná. Série Didática 01/01. Curitiba, 2001. 94p.
SANTINI, E. J. Biodeterioração e preservação da madeira. Santa Maria: CEPEF/FATEC, 1988. 17 125p
SILVA, J.;Preservantes. Viçosa MG. Revista Madeira Ed Nº103 Março d2007
WILKINSON, J. G; Industrial timber preservation. London: Associates
Business Press, 1979. 531p