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Um dos mais importantes centros empresariais do país, a Avenida Paulista consolidou-se, a partir da década de 1990, como um dos polos culturais (FRUGOLI, 1995) mais dinâmicos de São Paulo. Diferentemente de cidades que projetaram iniciativas ao desenvolvimento econômico com a instalação de equipamentos culturais - Niterói (1996) e Curitiba (2002), com museus projetados por Oscar Niemeyer, por exemplo-, ou de distritos culturais em centros históricas – como na região da Luz, em São Paulo, ou nas zona central do Rio de Janeiro-, o “território cultural” (VAZ, 2004, 233) consolidado ao longo da Avenida Paulista deriva de um longo processo de iniciativas públicas, privadas e da própria sociedade.
Desde sua inauguração, em 1891, abrigou exemplares dos mais importantes arquitetos paulistas, que ilustraram as intensas transformações experimentadas pela avenida. Se por um lado essas mudanças refletem a dinâmica de uma cidade “palimpsesto” (TOLEDO, 2004, p. 77), por outro, criaram oportunidades de adequação a demandas econômicas e sociais, das quais os arquitetos tiraram grande proveito. Projetada como área residencial da elite paulistana, reuniu palacetes projetados por Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, Ricardo Severo, Carlos Ekman, etc.; substituídos a partir de meados anos 1950, quando foi se convertendo em centro financeiro e passou a exibir as experiências da verticalização propostas por Rino Levi, David Libeskind, Aberlado de Souza, Pedro Paulo de Melo Saraiva, Croce, Aflalo & Gasperini entre outros (SEGAWA, 1985).
Talvez esse ambiente tenha contribuído para atrair muitas iniciativas culturais que aí se implantaram a partir da I Bienal Internacional de Artes Plásticas em 1951 no Parque Trianon, que cedeu lugar ao MASP, de Lina Bo Bardi, inaugurado em 1968 e se tornou a grande referência de museu e de manifestações públicas da cidade. Posteriormente, vieram a Casa das Rosas (1991), centro de cultura instalado em um palacete projetado por Ramos de Azevedo nos anos 1930; o instituto Itaú Cultural (1995), de Ernest Mange; o centro Cultural da FIESP (1996), intervenção de Paulo Mendes da Rocha no térreo do edifício sede da instituição, projetado pelo escritório de Rino Levi; o Instituto Moreira Salles, de Andrade e Morettin (2017); a Japan House (2017), do arquiteto japonês Kengo Kuma; e mais recentemente o SESC Paulista (2018), de Konigsberger e Vannucchi; sem contar seus diversos teatros, cinemas e livrarias. Atualmente, o fechamento da avenida aos domingos reforça a apropriação pública e seu caráter cultural.
A trajetória de transformações experimentadas pela avenida revela um processo em que os arquitetos tiveram papel preponderante, estabelecendo fortes relações com a cultura urbana e as pré-existências, interferindo em questões funcionais, técnicas e estéticas. Atualmente, projetar para a Avenida Paulista significa equilibrar-se entre a garantia de visibilidade e a responsabilidade de criar algo à altura de sua tradição arquitetônica.
A comunicação propõe analisar os processos criativos que originaram esses equipamentos culturais e as relações que estabelecem com a avenida, permitindo vislumbrar sua importância como referência histórica. Entende-se essa relação entre arquitetura e cidade como um forte argumento para a perscrutação das obras, a partir das respostas oferecidas pelos arquitetos.
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