Jornadas de Junho de 2013: geopolítica e territórios

Vol. 1, 2019. - 112677
Apresentação Oral
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Resumo

As Jornadas de Junho de 2013 foram levantes que ocorreram no Brasil, pertencentes ao ciclo de lutas que tomou o mundo após a crise do capitalismo em 2008 (CASTELLS, 2013). Composto pelos novíssimos movimentos sociais (GOHN, 2014), o acontecimento é constituído por uma multiplicidade de pautas, que vão desde questões relativas ao espaço urbano, como mobilidade, até uma crítica à falta de representatividade política, passando pela insatisfação em relação ao direcionamento de dinheiro público para megaeventos esportivos (Copa das Confederações [2013], Copa do Mundo da FIFA [2014], Jogos Paralímpicos e Olímpicos [2016]). A análise aqui proposta, parte de uma investigação sobre os cenários geopolítico e territorial que influenciaram na eclosão dos levantes. Nesse sentido, busca-se compreender a conjuntura macroeconômica nacional, relacionada à investida em formações de arranjos contra-hegemônicos no ambiente político mundial - destacam-se, BRICS, UNASUL e Mercosul (RENA, et. al., 2018), suas implicações territoriais, sobretudo nos grandes núcleos urbanos, e as transformações do espaço público (entendido aqui também como ambiente político) que precederam as manifestações de Junho no Brasil (MARICATO, 2013). Diante disso, entende-se relevante analisar a agenda urbana empreendida a partir da criação do Estatuto das Cidades, em 2001, vislumbrando uma reforma urbana (ROLNIK, 2013) e a relativa interrupção deste projeto. Observa-se que a cidade como espaço onde o homem está fadado a viver (PARK apud HARVEY, 2008) torna-se, então, ponto de inflexão no ambiente político, a partir do momento em que a percepção de um descaso com a questão territorial figura pautas de movimentos emergentes e motiva a politização dos anseios de transformação de diversos grupos. Ainda nesta direção, destaca-se uma participação mais efetiva de militantes pertencentes a grupos da esquerda clássica nas instâncias institucionais a partir de 2003 (MARICATO, 2007), o que impulsiona a emergência de uma nova esquerda, descontente com o projeto de desenvolvimento empreendido e, portanto, avessa à presença e ao modus operandi das organizações tradicionais no campo da esquerda. Sendo esta contraposição um dos elementos fundamentais que marcaram o espectro político das Jornadas de Junho de 2013. Espectro esse, complexificado pela incorporação aos movimentos de rua de uma classe média despolitizada (ESCOBAR, 2017), que acaba por mobilizar pautas conservadoras e neoliberais, resultando, também, na formação de grupos organizados de direita que contam com a ocupação das ruas em seu léxico político. Tendo em vista a complexidade estabelecida nesta investigação, sua realização se dará através da aplicação do método cartografia das controvérsias, criado pelo Grupo de Pesquisa Indisciplinar e adaptado à pesquisa de mestrado Levantes Urbanos: o ciclo de lutas pós crise do capitalismo de 2008 (NOBRE, 2019). Por meio do qual pretende-se analisar narrativas, atores e agenciamentos envolvidos na composição destes levantes. É importante destacar: (i) a participação de determinados atores entendidos como fundamentais para a composição do acontecimento, (ii) as pautas defendidas e (iii) os agenciamentos por eles estabelecidos em relação às questões territoriais supracitadas. Dos quais pode-se citar os Comitê de Atingidos pela Copa (COPAC), o Movimento Passe Livre (MPL) e a Assembléia Popular Horizontal (APH).

Instituições
  • 1 Universidade Federal de Minas Gerais
Eixo Temático
  • A cidade sul-americana contemporânea sob a perspectiva do Sul Global
Palavras-chave
Jornadas de Junho de 2013
território
Cartografia das Controvérsias