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O que é patrimônio de uma cidade ?
Quais são os dispositivos e os interesses que transformam a memória de alguns em história de todos ? Quem são os porta-vozes e as narrativas legitimadoras que contribuem para dar visibilidades a alguns eventos e deixam que outros caiam no esquecimento?
E, principalmente, quem são as vozes silenciadas? quais são os corpos invisibilizados? quais são as suas memórias? como elas podem reconstruir a história de um lugar?
Vamos buscar responder essas perguntas por meio de uma cartografia das "controvérsias" (LATOUR, 2012), construída a partir de uma arqueologia das relações de poder (FOUCAULT, 1986) dos documentos e dos monumentos que subsidiam a história oficial da região da região central de Belo Horizonte, e da construção de uma “genealogia das práticas” (FOUCAULT, 1979) , mapeada pelas narrativas dos moradores em situação de rua e/ou trabalhadores da coleta material reciclado, cujas histórias de vida redesenham e deslocam os fatos e os feitos oficiais.
Para tal, estamos propondo uma oficina temática, cujo objetivo é a construção de uma cartografia das controvérsias sobre a produção do espaço e as disputas em curso na região do centro expandido de Belo horizonte, a partir de duas fontes de informação: 1) levantamentos dos documentos oficiais (fotos, leis, narrativas divulgadas em mídias hegemônicas) previamente organizada pela equipe proponente dessa oficina e por 2) mapeamentos colaborativos (inclusive produçao de vídeos rápidos) juntos aqueles que moram e trabalham na região, a serem realizados durante a oficina. e produção de vídeos.
As informações coletas nas duas fontes serão organizadas a partir de quatro perguntas simples (Agregados Sociais: (i) um dado Evento Territorial (o que?): (ii) Narrativas (por que?), (iii) Atores Humanos (com quem?); (iv) Atores Não humanos (com o que?). Essas informações serão inseridas numa (v) Linha do Tempo (quando?) e em (vi) mapas (onde?). Dessa forma, as controvérsias poderão ser identificadas de múltiplas maneiras a partir de: 1) Figurações (Narrativas diferentes para um mesmo evento); 2) Visibilidades (de Agregados Sociais até então desconhecidos; 3) presença de Atores (Humanos ou Não-humanos) em arranjos muitas das vezes divergentes.
Todas as informações levantadas serão inseridas na plataforma de crowdsourcing IndAtlas, atualmente em processo de desenvolvimento por uma equipe transdisciplinar no Grupo de Pesquisa Indisciplinar/ UFMG.
A oficina deverá seguir o seguinte cronograma:
1o dia:
1. Apresentação geral dos participantes e apresentação geral sobre a região;
2. Apresentação da interface de visualização da IndAtlas , plataforma na qual os dados serão inseridos;
3. Divisão de equipes por setores censitários da região. Marcações iniciais em mapas impressos, linha do tempo e ferramentas on-line, com base no conhecimento prévio da equipe sobre a área;
4. Levantamento de informações a serem coletadas no campo e / ou online.
2o dia:
1. Coleta de dados em campo: cartografias coletivas, conversas e circuitos guiados pelos moradores/trabalhadores informais da região;
2. Preenchimento da plataforma IndAtlas;
3o dia:
1. Visualização e análise dos grafos gerados pela plataforma IndAtlas;
2. Discussão dos resultados do trabalho de cada grupo
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