Para citar este trabalho use um dos padrões abaixo:
As cidades planejadas que surgiram no final do século XIX e início do século XX, na América Latina, tiveram como característica o planejamento moderno, sustentado nas prerrogativas do urbanismo moderno europeu. Goiânia, cidade planejada no coração do Brasil, décadas antes da criação de Brasília, seguiu a retidão do traço em direção à cidade moderna. Por nascer ex nihilo, embora nova capital de Goiás, um estado já consolidado no cenário nacional, carregou consigo imperativos que a acompanhariam até hoje: a de uma cidade sem memória. Mas seria essa a realidade da capital goiana?
Os esforços no sentido de manter viva uma memória da cidade, solidificando “lugares de memória” (NORA, 1993), são realizados pelo poder público e pelos diferentes grupos urbanos. Os monumentos materiais móveis, tais como estátuas, bustos, obeliscos, esculturas, entre outros, em geral, encontram-se nas praças, lócus característico do espaço público, abertas à exposição e interação com a população. Nosso interesse, portanto, objetiva-se centralmente na dimensão simbólica do espaço urbano (LEFEBVRE, 2006).
Para ampliar a compreensão acerca da memória desta cidade planejada, analisamos sua “memória monumental” (FREIRE, 1997), a partir do Monumento ao Bandeirante, fixado no cruzamento de duas das principais avenidas do centro (histórico?) de Goiânia, eixos principais do sistema de transporte da nova capital, lugar de grande fluxo comercial e alta visibilidade. Ademais, a Estátua se localiza dentro do núcleo pioneiro do traçado original da cidade e entre os edifícios (monumentos históricos imóveis) do acervo art déco, ambos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A Estátua de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, essa forma simbólica espacial (CORREA, 2007), doada por acadêmicos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no ano do batismo cultural da nova capital, em 1942, preserva-se como patrimônio histórico na Praça do Bandeirante, pela legislação municipal desde 1991. Cabe aqui discutir em que medida este monumento condensa disputas narrativas na construção de uma memória local, em termos de poder simbólico (BOURDIEU, 2001), uma vez que esse “lugar de memória” está aberto às dinâmicas urbanas, aos diferentes grupos citadinos, e, portanto, está envolvido historicamente numa “guerra de lugares” (ARANTES, 2000), submetido a pichações, intervenções simbólicas, novos usos e apropriações, conflitos de representações e memórias.
Com ~200 mil publicações revisadas por pesquisadores do mundo todo, o Galoá impulsiona cientistas na descoberta de pesquisas de ponta por meio de nossa plataforma indexada.
Confira nossos produtos e como podemos ajudá-lo a dar mais alcance para sua pesquisa:
Esse proceedings é identificado por um DOI , para usar em citações ou referências bibliográficas. Atenção: este não é um DOI para o jornal e, como tal, não pode ser usado em Lattes para identificar um trabalho específico.
Verifique o link "Como citar" na página do trabalho, para ver como citar corretamente o artigo