#AoIR 2nd Flashpoint Symposium 2020

Em agosto de 2019 foi publicado um comunicado nas plataformas de redes sociais da artista multimídia Linn da Quebrada, informando que sua apresentação na 18ª Parada LGBT+ de João Pessoa, que viria a ocorrer em setembro, com o tema “50 anos de Stonewall: nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+”, havia sido censurada pela organização do evento. Alguns dias depois, foi publicada uma série de áudios de WhatsApp nos mesmos perfis, expondo falas de integrantes da organização que eram contra a apresentação da artista no evento por causa das letras de suas músicas e de seus posicionamentos. A partir destas postagens, foram despertadas disputas de sentidos a respeito do ocorrido. O apagamento das pessoas trans e pretas do movimento LGBT+ foi debatido, ocasionando a criação da primeira edição da Parada Preta de João Pessoa, na qual a artista Linn da Quebrada foi uma das atrações, em novembro de 2019. Crenshaw (2016) aponta a importância de se tornar visíveis os problemas sociais que impactam todos os membros de um determinado grupo, a partir da intersecção de seus marcadores sociais. Ou seja, é necessário que pessoas trans e pretas também ocupem espaços em eventos onde as pautas LGBT+ sejam discutidas, uma vez que as suas vivências são diferentes de pessoas cis e brancas, sejam elas gays, lésbicas, bissexuais, ou outra orientação sexual. A partir do espalhamento (JENKINS, FORD, GREEN, 2014) em plataformas de redes sociais, casos de censura como este são denunciados, não dependendo de grandes veículos de comunicação para alcançarem visibilidade nacional. Portanto, por meio da análise da circulação de sentidos (GROHMANN, 2019), este trabalho tem como intuito identificar de que formas as redes sociotécnicas (LATOUR, 1990) formadas por plataformas, pessoas e instituições, se relacionam, criando brechas e contradições.