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O fluxo demográfico proveniente da descolonização africana subsequente à Revolução Abril de 1974, teve um impacto significativo na sociedade portuguesa. Música popular e danças sociais incorporaram elementos das culturas expressivas africanas. No mesmo período a dança contemporânea conheceu uma explosão: numa aproximação retardada às tendências da dança euro-americana então em voga ela foi espelho, também, das reconfigurações identitárias do país. Analisámos a criação coreográfica produzida entre os anos 80 e o início do novo milénio e verificámos que o &ldquoelemento africano&rdquo tem estado virtualmente ausente da dança cénica portuguesa. Inversamente, essa presença foi crescente no plano das danças sociais. Porque se observam velocidades e intensidades tão distintas, nos contextos sociais e cénicos da dança portuguesa? Esta problematização inscreve-se num debate alargado, onde os estudos de dança, trazem visibilidade a dimensões subliminares da pós-colonialidade, das tensões local-global, e perspectivam a análise da dança como meio de produzir crítica cultural.
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