Risco de quedas em idosos da atenção primária à saúde: comparação entre dois métodos de avaliação

Vol1,2018 - 97119
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Resumo

Introdução: as quedas configuram um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, tendo em vista a sua alta prevalência, especialmente na população idosa, e seus impactos nos âmbitos individual e coletivo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as quedas são mais frequentes conforme o aumento da idade e da condição de fragilidade do idoso. As quedas nos idosos podem impactar na ocorrência de desfechos adversos e, por conseguinte, na sua qualidade de vida. Diante da magnitude desse problema, torna-se essencial avaliar os métodos de identificação do risco para ocorrência das quedas, possibilitando às equipes de saúde, inclusive na atenção primária, planejar ações preventivas. Objetivo: avaliar o risco de quedas, por meio de dois métodos de avaliação, e verificar a associação/correlação com as variáveis socioeconômicas e de saúde em idosos no contexto da atenção primária em uma comunidade do Distrito Federal (DF). Metodologia: estudo descritivo, transversal, quantitativo, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Ceilândia. A seleção da amostra ocorreu de forma aleatória, por meio de sorteio, resultando em 108 participantes, com idade ≥ 60 anos de ambos os sexos. A coleta de dados ocorreu em 2016 e consistiu em entrevista, avaliação nutricional com mensuração antropométrica e cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), avaliação cognitiva com o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e avaliação do risco de quedas com o Fall Risk Score e a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB). Os dados foram analisados no Special Package for Social Science 21.0 por meio da análise estatística descritiva, teste de correlação de Sperman e teste qui-quadrado. O nível de significância foi de p<0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde do DF, sob nº 1.355.211. Resultados: houve prevalência do sexo feminino (87,9%), na faixa etária de 60 a 64 anos (37,4%) e com ensino fundamental completo (62,9%). Identificou-se que 42,6% dos idosos tinham hipertensão arterial sistêmica, 12,0% diabetes mellitus e 41,6% as duas comorbidades concomitantes. Na avaliação nutricional, 50,5% apresentaram obesidade. Quanto ao desempenho cognitivo, 51,4% possuíram desempenho cognitivo normal e 0,9% demonstrou déficit cognitivo grave (MEEM ≤ 9). Na avaliação do risco de quedas, 91,7% (IC95%=86,1-96,3) apresentaram essa condição segundo a EEB, o que foi similar ao evidenciado pelo Fall Risk Score (89,8%; IC95%=83,3-95,4). Foi identificada associação entre o risco de quedas, avaliado pela EEB, com o sexo (p=0,023), grau de escolaridade (p=0,029), comorbidades (p=0,000) e desempenho cognitivo (p=0,001). Já na avaliação pelo Fall Risk Score, houve associação do risco de quedas com o grau de escolaridade (p=0,01) e medicações (p=0,030). Discussão: constatou-se alto risco de quedas nos idosos dessa amostra, apresentando percentuais semelhantes ao analisar os dois métodos de avaliação. Sendo o Fall Risk Score um instrumento autorreferido e subjetivo, torna-se o acesso fácil e rápido de ser utilizado na atenção primária. No entanto, a sua utilização é limitada para avaliar idosos com declínio cognitivo; diferentemente da EEB, que avalia aspectos objetivos do desempenho físico. Sob esse olhar, caberá ao profissional de saúde propor a avaliação do risco de quedas na rotina de atendimento da pessoa idosa, utilizando método específico de acordo com as características desta população. Embora as causas das quedas sejam multifatoriais, a escolaridade foi a única variável associada ao risco deste evento ao comparar os dois métodos de avaliação. Esse dado é preocupante uma vez que idosos com baixa escolaridade apresentam dificuldade de acesso aos serviços de saúde e, consequentemente, de prevenir os fatores associados às quedas. Conclusão: o estudo evidenciou uma amostra composta por idosos que possuem alto risco de quedas em ambos os métodos de avaliação. Destaca-se que a variável escolaridade foi a única associada ao risco de quedas ao comparar os dois instrumentos. Nessa perspectiva, os achados reforçam a importância de incluir o risco de quedas na rotina de avaliação dos idosos no contexto da atenção primária, sobretudo entre os mais vulneráveis, como aqueles com baixa instrução. Para isso, os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, podem lançar mão de ambos os métodos de avaliação do risco de quedas, no entanto, considerando as especificidades de cada instrumento.

Instituições
  • 1 Universidade de Brasília
Eixo Temático
  • Referenciais teóricos-metodológicos para a pesquisa em enfermagem e saúde
Palavras-chave
Idoso
Saúde do Idoso
Acidentes por quedas
Atenção Primária à Saúde
Enfermagem Geriátrica