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Resumo

Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde ocorrem cerca de 140 milhões de nascimentos anualmente em todo o mundo. Destes, uma pequena parcela das gestações possui maior probabilidade de evolução desfavorável no nascimento, podendo implicar riscos ao binômio; e são classificadas como gestação de alto risco. Para a prevenção e manejo de complicações graves relacionadas à gestação e ao parto, revelou-se necessário à implementação da abordagem do near miss, que são casos quando as mulheres sobrevivem a uma condição ameaçadora à vida, ou situação de quase morte. O número de intervenções, antes utilizadas apenas quando necessário, aumentou de forma rotineira e desnecessária na assistência ao parto. Dessa forma, interfere no processo fisiológico do parto, aumentando as intervenções e exclui da mulher o papel de protagonismo no parto contribuindo para o aumento de taxas de cesarianas e a morbimortalidade materna e perinatal. Objetivo:Identificar as práticas obstétricas utilizadas no trabalho de parto e parto em parturientes de alto risco classificadas como near miss. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal aninhado à uma coorte denominado - Gestação de Alto Risco: situações de near miss no ciclo gravídico puerperal materno e neonatal. A população foi constituída por puérperas internadas na instituição de estudo (Maternidade do HU-Londrina-PR) que tiveram pelo menos um critério de near miss, de acordo com a OMS. A amostra foi composta de 319 mulheres. A coleta de dados ocorreu nos meses de Outubro/2016 a Agosto/2017 por meio de formulário semiestruturado, registros do prontuário e cartão de pré-natal. Os dados foram compilados no programa SPSS® versão 20.0. Foi utilizada estatística descritiva, com base na frequência relativa e absoluta. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina com CAAE 59935716700005231. Resultados: Em relação a opção do parto 56,42% das mulheres gostariam de ter um parto normal, porém 63,32% tiveram cesariana e 45,76% não tinham o registro da justificativa da indicação da via de parto. Sobre o local onde parir, 63,32% tiveram seus partos realizados no centro cirúrgico, desta forma a posição de parto prevalente foi dorsal não litotômica. No que se diz respeito a monitoração do parto, 71,78% das gestantes tiveram a realização de dinâmica uterina e 83,38% de ausculta do batimento cardio-fetal. Em relação ao acompanhante 53,60% tiveram esse direito assegurado. Discussão: A mulher deve ser considerada a protagonista do seu parto, considerando a escolha da via de parto, dentro da possibilidade. No entanto, neste estudo houve uma prevalência de cesariana. Algumas inquietações foram apontadas para justificar esse fato como o local do estudo ser um hospital escola de referência para gestantes de alto risco, se as indicações das cesarianas eram realmente fidedignas, entre outros. No entanto uma porcentagem significativa apontou que nem todos os profissionais justificaram no partograma o motivo da cesariana. A monitorização do parto que é de extrema importância infelizmente não atingiu cem por cento, o que pressupõe que algumas mulheres ainda não são atendidas em sua integralidade. Conclusão: As práticas obstétricas necessitam de mudanças começando pelo desmistificar da mente e ações dos profissionais para que as metas esperadas possam ser atingidas de maneira satisfatória e integral.

Instituições
  • 1 Universidade Estadual de Londrina-PR
Eixo Temático
  • Referenciais teóricos-metodológicos para a pesquisa em enfermagem e saúde