Índices de vulnerabilidade social e programática para idosos da comunidade: ferramentas para gestão de políticas públicas

Vol1,2018 - 97123
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Resumo

Introdução: o processo de envelhecimento aumenta a vulnerabilidade biológica a eventos adversos. Sabe-se, também, que as condições sociais desfavoráveis e o acesso restrito aos serviços de saúde podem agravar esta condição. Apesar da concepção multidimensional da vulnerabilidade, um corpo crescente de estudos na geriatria e gerontologia tem focado em associar à fragilidade física com as condições adversas de saúde. Embora exista uma interrelação entre os conceitos, a vulnerabilidade vai além dos aspectos biológicos, pois também engloba as questões sociais e contextuais a que estão expostos os idosos no decorrer do envelhecimento. Dado que a avaliação dos componentes programático e social faz parte do conceito de vulnerabilidade adotado e na literatura científica não se identificou instrumento que avaliasse esses aspectos, a construção desses índices constitui-se em ferramentas de fácil acesso quanto para pesquisa tanto para a tomada de decisões para gestão de políticas públicas. Objetivos: construir os Índices de Vulnerabilidade Social e de Vulnerabilidade Programática para idosos que vivem no domicílio e verificar a associação entre os componentes (individual, social e programática). Métodos: trata-se de um estudo de base populacional do tipo inquérito domiciliar e transversal conduzido com uma amostra representativa de 701 idosos comunitários do município de Uberaba-MG. O Índice de vulnerabilidade social foi elaborado mediante aos aspectos metodológicos e operacionais do Índice de Vulnerabilidade da Saúde; enquanto, o Índice de vulnerabilidade programático por meio da avaliação de 32 variáveis de acesso e a utilização dos serviços de saúde. Foi avaliado também a vulnerabilidade individual pelo fenótipo de fragilidade. Realizou-se análise espacial exploratório, descritiva e bivariada (p≤ 0,05) e análise de componentes principais. Esta pesquisa foi encaminhada e aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, sob nº 1780.154. Resultados: através do Índice de Vulnerabilidade Social, identificou que os setores localizados na periferia do município apresentaram níveis de vulnerabilidade muito elevados, enquanto aqueles das áreas centrais foram classificados, em sua maioria, como baixo e médio níveis. Em relação ao Índice de Vulnerabilidade Programática, identificou-se que as principais variáveis representativas foram: acesso ao dentista pelo SUS, à medicamentos e procura do mesmo local de atendimento. Além disso, também se verificou que o escore de vulnerabilidade programática variou de 0,129 a 4,93, com média 1,90 e desvio-padrão de 0,61. Na relação entre os componentes, constatou-se que 32,0% dos idosos apresentavam as três condições de vulnerabilidade concomitantemente (individual, social e programático) e apenas 3,9% não apresentavam nenhuma destas. Houve menor proporção de idosos frágeis com elevada vulnerabilidade programática comparados aos pré-frágeis e não frágeis (p=0,011). Discussão: experts da área têm considerado o conceito de vulnerabilidade social de forma holística, quantificando-o por meio de índices. A análise deste componente, nesta pesquisa, corrobora com outros achados que pressupõem que a manifestação espacial de desigualdade ainda prevalece no país e decorre do fenômeno designado segregação urbana. Com base nos princípios do Sistema Único de Saúde de universalização e equidade, a redução da desigualdade social no idoso deve contemplar a garantia de acesso aos serviços de saúde, em especial os atributos de acesso ao dentista e à medicamentos e da relação de vínculo com o local atendimento, conforme demonstrado neste estudo. Sabe-se que o envelhecimento pode surgir vulnerabilidade de ordem biológica, a qual, ao interagir com o processo sociocultural, com os efeitos acumulativos de condições deficitárias de educação, de renda e de saúde no decorrer da idade e os hábitos de vida atual, podendo expor os idosos a múltiplas condições de vulnerabilidade. Conclusão: evidenciou-se que os idosos estão expostos as múltiplas condições de vulnerabilidade, o que revela a necessidade de se considerar uma abordagem multidimensional para o planejamento de diversos serviços de atenção a essa população. Sob esse olhar, considera-se que os Índices de Vulnerabilidade Social e Programática são ferramentas disponíveis de fácil acesso tanto para os pesquisadores, quanto para os gestores para a tomada de decisão em termos de políticas públicas, quanto de avaliação da população, por meio de pesquisas.

Instituições
  • 1 Universidade de Brasília
  • 2 ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRAO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO
  • 3 Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Eixo Temático
  • Referenciais teóricos-metodológicos para a pesquisa em enfermagem e saúde
Palavras-chave
Idoso
Vulnerabilidade em Saúde
envelhecimento
Indicadores Básicos de Saúde
Gestão em Saúde