Anales del Congreso ALAP
Anales del X Congreso ALAP

O estudo das migrações internacionais contemporâneas em meio ao cenário de crise sanitária, política e econômica vivido pela América Latina e Caribe nos últimos anos demanda um olhar capaz de contemplar a rapidez das transformações sociais, a heterogeneidade dos fluxos e suas espacialidades, dificilmente captadas em registros e pesquisas sociodemográficas. Os desafios apresentados pela pandemia de Covid-19 dialogam, assim, com tendências mais amplas de retrocessos na garantia de direitos aos imigrantes e de práticas seletivas de gestão das migrações pautadas na securitização da mobilidade e na consolidação de fronteiras, físicas e institucionais, às distintas modalidades migratórias em curso (DUMONT, 2020; GAMLEN, 2020; DE HAAS; NATTER; VEZZOLI, 2016; WENDEN, 2001). Este trabalho analisa o panorama dos movimentos populacionais de venezuelanos e venezuelanas nos distintos espaços das migrações internacionais no Brasil nos últimos anos, os arranjos institucionais constituídos na chegada e interiorização desse fluxo no país e a consolidação de iniciativas de controle da migração e das fronteiras pautadas na segurança e na deportabilidade como paradigmas das migrações contemporâneas também nos circuitos Sul-Sul (FELDMAN-BIANCO, 2019; MOREIRA, 2012; DOMENECH, 2017; ASSIS, 2018; RUSEISHVILI; CHAVES, 2020; BAENINGER, DEMÉTRIO; DOMENICONI, 2021). Para tanto, o estudo se baseia em uma proposta teórico-metodológica que envolve resultados de uma pesquisa de campo realizada entre 2020 e 2022 com mais de 3.000 venezuelanos e venezuelanas no Brasil, bem como, informações do Sistema de Tráfego Internacional (STI) da polícia federal sobre as deportações realizadas no período. De modo geral, ressaltam-se transformações sociais, econômicas, políticas, sanitárias e demográficas que dizem respeito tanto aos efeitos da pandemia de COVID-19 no Brasil e no mundo, como ao acirramento do embate entre o reconhecimento dos imigrantes enquanto sujeitos de direitos e a construção seletiva de fronteiras físicas e institucionais à mobilidade internacional no século XXI.