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A epidemia de zika ocorrida entre 2015 e 2016, afetou vários países, principalmente o Brasil, ficou conhecida principalmente devido ao nascimento de crianças com microcefalia e foi posteriormente denominada Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ). Essa realidade trouxe a necessidade de garantia de direitos sociais, demanda sanitária e humanitária para essas crianças e suas famílias.
Objetivos
Analisar rede de solidariedade organizada por mulheres mães com crianças com microcefalia, para a garantia de cuidados à saúde e direitos em Minas Gerais.
Metodologia
Trata-se de estudo de caso único fundamentado pela pesquisa qualitativa, cuja unidade de análise foi o grupo mães de crianças com microcefalia denominado Grupo de Mães de Anjos de Minas. Utilizou-se a técnica de observação participante ocorrida durante entre os anos de 2018 e 2019, em diferentes espaços de acompanhamento do Grupo, como reuniões, espaços de geração de renda, bazares, festas, encontros e oficinas. Também foram realizadas entrevistas a fim de conhecer a organização do grupo, o cuidado das crianças, o apoio familiar, da sociedade, e em relação aos direitos sociais. A pesquisa é parte de uma tese de doutorado e foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do IRR/Fiocruz Minas.
Resultados
Identificou-se que o Grupo se constitui de mulheres que residem em todo o estado de Minas, cuja trajetória baseia-se no aprendizado coletivo, na solidariedade e no apoio mútuo. As integrantes estão em articulação permanente em uma rede complexa, composta por pessoas, sentimentos, instituições, serviços, acesso a políticas públicas, com destaque para o SUS que se apresentou como essencial na garantia do cuidado continuo dos filhos. Verificou-se que mães assumem o centro do cuidado rotineiro e sistemático com os filhos e há uma rede de apoio composta por pelos pais, familiares, incluindo outros filhos, irmãos, cunhados, avós, relações de vizinhança, serviços de saúde e de apoio social.
Conclusões/Considerações
A rede é um lugar dinâmico, onde afetações, interações e conexões são tecidas continuamente de acordo com a necessidade e realidade vivenciada. O Grupo representa para essas mães um lugar de lutas, de apoio para o seu fortalecimento e para o enfrentamento da nova realidade apresentada após nascimento do filho. A solidariedade está nas relações de sociabilidade e laços que elas estabelecem entre o grupo, suas interações e implicações.
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