DESIGUALDADES RACIAIS NA MORTALIDADE DE CRIANÇAS DE 1 À 59 MESES NO BRASIL E SEUS FATORES DE RISCO: UMA ANÁLISE DE MAIS DE 13 MILHÕES DE NASCIDOS VIVOS

Vol 2, 2022 - 161029
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Resumo

Embora o declínio da mortalidade na infância no Brasil entre 2001 e 2015 tenha sido acompanhado por reduções nas disparidades geográficas e de renda, em comparação às crianças brancas, as indígenas, pretas e pardas ainda morrem mais. O racismo é determinante das condições de vida e saúde das pessoas, tendo papel fundamental na definição da classe social a qual os indivíduos pertencem.

Objetivos

Investigar as disparidades na mortalidade entre filhos de mães indígenas, pretas e pardas em relação às brancas, bem como quais características do nascimento e os fatores socioeconômicos explicam tais disparidades.

Metodologia

Coorte desenvolvida com a vinculação de nascidos vivos entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2015 do Sistema de Informações de Nascidos Vivos,com o baseline da Coorte de 100 Milhões de brasileiros e registros de mortalidade.Os nascidos vivos foram acompanhados do 30º dia do nascimento até o quinto aniversário,morte ou 31 de dezembro de 2015.Calculamos razões de hazard (HRs) bruta e ajustada usando modelos de regressão de Cox,comparando a mortalidade por todas as causas de acordo a raça/cor materna.Calculamos a porcentagem de excesso de risco mediado para estimar quais características do nascimento e socioeconômicas contribuíram para o aumento do risco de morte em cada grupo étnico.

Resultados

Entre crianças de 1 a 59 meses (13350540 nascidos vivos), o HR bruto dos filhos de indígenas em relação aos de brancas foi 2,72 (95% IC 2,49-2,98). 3% do excesso de risco de óbito entre filhos de indígenas em relação aos de brancas é explicado por diferenças no nascimento (sexo, peso ao nascer e idade gestacional), enquanto 26% foi explicado adicionalmente pelos fatores socioeconômicos (escolaridade da mãe e IDH municipal). Entre filhos de pretas em relação aos de brancas, o HR bruto foi 1,24 (1,19-1,30). O excesso de risco de óbito entre filhos de negras em relação aos de brancas é explicado 13% por diferenças do nascimento e 21% quando também levados em conta os fatores socioeconômicos.

Conclusões/Considerações

Mesmo entre crianças que vivem em contexto socioeconômico semelhante,observa-se desigualdades raciais em saúde,sobretudo entre indígenas e pretas em relação às brancas.Os fatores socioeconômicos explicam uma porcentagem maior destas desigualdades. Políticas capazes de reduzir as desigualdades raciais devem ser foco (sobretudo a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra),como estratégia para reduzir mortalidade de crianças no Brasil.

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  • Eixo 13 - Interseccionalidades, lutas sociais e direitos humanos na saúde