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No SUS, entre os anos 2002 e 2015, práticas em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD), fundamentadas na atenção psicossocial e redução de danos, foram fomentadas. Tais práticas têm produzido diferentes contribuições a seus usuários que, no entanto, não adquiriram visibilidade em um contexto marcado por políticas de drogas que adotam a abstinência como finalidade e valor.
Objetivos
Ampliar as compreensões sobre as contribuições que as práticas dos CAPS AD têm produzido às pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas.
Metodologia
Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa em três Caps AD de Belo Horizonte/MG, entre 2016 e 2018. Em cada Caps AD foram realizados um grupo focal com usuários e quarenta horas de observação participante nos espaços coletivos de atenção. O grupo focal do Caps AD 1 contou com a participação de nove usuários (três mulheres e seis homens); o do Caps AD 2 contou com doze usuários (duas mulheres e dez homens), o do Caps AD 3 contou com a participação de nove usuários (nove homens). No total, foram realizados três grupos focais com trinta participantes e 120 horas de observação participante. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética do IRR/ Fiocruz e da Secretaria Municipal de Saúde de BH.
Resultados
As contribuições dos serviços se relacionam com aquilo que os usuários têm dificuldades de encontrar em suas trajetórias de vida, como a construção de relações interpessoais cuidadoras, o acesso a serviços de assistência à saúde, o acesso a direitos sociais básicos (alimentação, cuidados com o corpo e proteção) e a gestão do consumo de drogas, coincidente ou não com a abstinência. Estas contribuições, que servem à manutenção da vida e à ampliação de suas possibilidades, podem ser produzidas em serviços que adotam a Redução de Danos e a Atenção Psicossocial em seu modo de atenção e que assumem o compromisso ético com a vida das pessoas que usam drogas.
Conclusões/Considerações
A pesquisa favorece a construção de referências para análise e avaliação das práticas de saúde ao constatar que elas podem contribuir de diferentes modos para a produção de saúde, cidadania e vida de pessoas que usam drogas, mesmo em contextos que buscam negá-las. A pesquisa identifica contribuições, valorizadas por essas pessoas, que têm sido desconsideradas em políticas atuais de atenção orientadas exclusivamente para a produção de abstinência.
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