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O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes na população feminina, e a principal etiologia é a infecção por alguns tipos do papiloma vírus humano (HPV). Apesar de ser identificado precocemente através do rastreamento, as mulheres trabalhadoras do sexo (MTS) enfrentam barreiras de acesso aos serviços de prevenção.
Objetivos
Estimar a prevalência de realização do exame Papanicolaou ao longo da vida e os principais motivos para nunca ter feito.
Metodologia
Estudo com 4178 MTS recrutadas por Respondent-Driven Sampling (RDS) em um inquérito realizado em 12 cidades brasileiras (Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande e Brasília) em 2016.Trata-se de um estudo descritivo, com frequências e proporções calculadas através de dados ponderados com o estimador RDS II.
Resultados
Das entrevistadas, 19,20% afirmaram nunca ter feito o exame na vida, 18,45% relataram ter feito há mais de três anos e apenas 62,35% realizaram há menos de três anos, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas. As principais razões para nunca terem feito o rastreamento do câncer do colo do útero foram: indisponibilidade do exame por falta de recomendação profissional, acesso geográfico, tempo de espera para o atendimento e horário de funcionamento dos serviços incompatível com a rotina do trabalho sexual (48,95%, IC: 44,01-53,90); baixa percepção de risco (34,81%, IC95%:30,25-39,68) e falta de recursos financeiros/transporte (1,55%, IC95%: 0,59-3,97).
Conclusões/Considerações
A prevalência de realização do exame ao longo da vida está muito abaixo dos percentuais encontrados em mulheres na população geral brasileira na mesma faixa etária, o que reforça desigualdades e vulnerabilidades que precisam ser visibilizadas e superadas. As dificuldades de acessibilidade aos serviços culminam com diagnósticos tardios e aumento da mortalidade entre MTS, o que representa uma grave violação de direitos e problema de Saúde Pública.
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