A MORTE RONDA O COTIDIANO NO TRABALHO: ANÁLISE DO SUICÍDIO ENTRE TRABALHADORES(AS) NO BRASIL

Vol 2, 2022 - 159777
Relato de Pesquisa
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Resumo

O suicídio é um grave problema de saúde pública mundial. Dados apontam que ocorre um suicídio a cada 40 segundos, com 800 mil mortes por ano (11,6/100 mil). No Brasil, em 20 anos, 170 mil casos foram registrados (6,4/100 mil). Em 2020, 8.927 trabalhadores(as) cometeram suicídio, porém sem reconhecimento de nexo. A compreensão do trabalho como determinante do suicídio, ainda se revela tarefa complexa.

Objetivos

Estimar as taxas de suicídio entre trabalhadores(as) no Brasil, em 2020, e descrever as suas características sociodemográficas.

Metodologia

Estudo descritivo da distribuição dos suicídios registrados, em 2020, no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). A seleção dos casos seguiu as etapas: a) identificação dos casos de suicídio de acordo com o índice de classificação internacional de doenças (CID-10), de código X60 à X84; b) estratificação por faixa etária (15 a 65 anos), para determinação da População Economicamente Ativa; c) identificação dos indivíduos que tinham classificação de ocupação registrada (CBO). Para os cálculos dos coeficientes de mortalidade, foram utilizados dados da população geral estimada para 2020, bem como a população trabalhadora ativa ocupada formalmente, estratificados por sexo, idade e raça/cor.

Resultados

Foram identificados 12.751 casos de suicídio no Brasil em 2020 (6/100 mil), sendo 8.927 com registro da CBO notificados no SIM (16,8/100 mil trabalhadores(as) ocupados(as) formalmente). Os homens apresentaram taxa de 22,5/100 mil e as mulheres, 8,9/100 mil; em negros foi 18,1/100 mil e nos brancos 15,2/100 mil; para idade de 30 e 49 anos foi 7,2/100 mil. Predominaram casos em quem não tinha companheiro(a) (69,4%); em trabalhadores(as) do agronegócio (18,2%), indústria (3,4%), segurança (2,4%), saúde (1,9%) e educação (1,4%). Os suicídios ocorreram em mais da metade dos municípios brasileiros (2.963), com destaque para São Paulo (141 casos). O método mais utilizado foi o enforcamento (73,5%).

Conclusões/Considerações

Os dados atestam situação preocupante. A busca do nexo suicídio/trabalho persiste como desafio complexo, mas constitui esforço contra-hegemônico necessário. A conexão deste desfecho trágico com o trabalho expõe a necessidade de ruptura do tecido socioocupacional estruturado na submissão do/a trabalhador/a e imposto por modelos de produção excludentes, que usam lógicas diversas para camuflar a emergência de uma dor crônica inaceitável e silenciosa.

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