PERSPECTIVA DE ENFERMEIROS SOBRE AS ORIENTAÇÕES POLÍTICO-PEDAGÓGICAS DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: NOTAS PRÉVIAS

Vol 1, 2019 - 122355
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Resumo

INTRODUÇÃO: Educação é um processo decisivo no âmbito da reprodução do ser social, a saber, a capacidade de conhecer, de ter ciência do real e de, portanto, transformá-lo de forma consciente. Porém, no modo de produção capitalista, a transformação social passa a ser condicionada à sua reprodução, perpetuando seus valores degradantes justificados por véus ideológicos que impedem a aprendizagem para além do capital, considerando-o o mais robusto obstáculo à emancipação humana (MÉSZÁROS, 2005). Consecutivamente demandando novas formas de construção dos saberes pressionando mudanças no processo de formação, em especial na saúde (SILVA et al, 2010). Que resulta da transformação no “mundo do trabalho” ocasionadora da degradação da saúde humana (SOUZA, 2016). Assim torna-se necessidade do capital formar profissionais de saúde capazes de atuar nesta proposta. No Brasil, para além dessa demanda, ressaltar-se o contexto da relação com o Sistema Único de Saúde (LEI 8080, 1990), contrário a formação neoliberal constituída internacionalmente, sendo um sistema de saúde que demanda fortalecimento da esfera social. Tensionamento que implica a concretização da proposta do SUS, fragilizando-o e colocando a formação em disputa. Além disso, o desenvolvimento de habilidades é regulamentado a partir da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (BRASIL,1996), e especificamente as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem (BRASIL, 2001) explicitando a necessidade do compromisso com princípios da Reforma Sanitária Brasileira e SUS. Assim, questiona-se a percepção de enfermeiros ao processo de formação e a indicação político-pedagógico entre o ensino e a prática da profissão. Enfatizando a percepção dos sujeitos e as suas correlações com o desenvolver histórico-social do processo de trabalho da profissão e as políticas vigentes no território brasileiro que moldam o mercado de trabalho, ou que o mercado de trabalho as molda. OBJETIVO: Relatar notas prévias da pesquisa. METODOLOGIA: Em abordagem qualitativa, dimensionou-se a coleta de dados utilizando critério de saturação, que resultou em 13 entrevistas semiestruturadas com Enfermeiros da Estratégia Saúde da Família-AB no município de Arapiraca/AL no período de dezembro de 2018 a abril de 2019. Sob a ótica de análise materialista histórica, na qual a percepção dos Enfermeiros é posta como ponto de partida, no intuito de estabelecer as conexões entre o conteúdo predominante no grupo e a objetividade da totalidade social que produz tal contexto. Para tanto, a fundamentação teórico-interpretativa corresponde a teoria social de Marx. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ressalta-se que os resultados aqui apresentados ainda estão em processo de análise, sendo assim apresentação prévia do que foi encontrado e analisado até o momento. A entrevista foi estruturada em três áreas temáticas: A percepção sobre o processo de formação, geral e específico; A relação entre o ensino de Enfermagem e o serviço; e Sobre o principal objetivo da formação do Enfermeiro. Dentro de cada uma dessas três áreas, pôde-se especificar e desenvolver com maior frequência três núcleos temáticos: Ausência ou esquecimento do conhecimento das Diretrizes Nacionais da Graduação em Enfermagem; Incapacidade de correlacionar a relação entre as Diretrizes Nacionais da graduação em Enfermagem, Sistema Único de Saúde e Serviço; e Insuficiência em visualizar indicações de rumo político-pedagógico entre o ensino e a prática da profissão. Diante a tais constatações e entendendo as regulamentações que dispõem a construção dos projetos político pedagógico dos cursos de Enfermagem subtende-se grande desafio para os atores envolvidos no SUS e Instituições de Ensino Superior quando se trata de formação de profissionais de saúde competentes diante das situações reais, nas quais as regulamentações para construção dos projetos políticos pedagógicos devem se fundamentar, em linhas gerais, nos princípios e diretrizes do SUS, o qual propõe o modelo de saúde equânime, universal e integral. Fato que é consideravelmente adverso às pressões e imposições subjetivas postas pelos serviços e sociedade com modelo de produção capitalista, ante a sua atual fase de “acumulação flexível”. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mesmo com a subjetividade da pesquisa qualitativa, encontrou-se aparente dificuldade de Enfermeiros do Município em descrever claramente o processo de formação em saúde e consecutivamente a existência de indicação do rumo político-pedagógico entre o ensino e a prática da profissão. Estima-se esse achado a partir da grande evidência da hipótese de existirem inúmeras divergências entre o que é abordado durante a sua graduação e a realidade do mundo do trabalho, mediante a falha curricular que apresenta distanciamento do movimento real da sociedade e saúde uma vez que, ainda é fortemente influenciado pelo tecnicismo e biologicismo e isso se deve a hegemonia de tendências pedagógicas alinhadas a manutenção do status quo.

Eixo Temático
  • GT 28 - Saúde, currículo, formação: experiências, vivências, aprendizados e resistência sobre raça, etnia, gênero e seus (des)afetos.